01/12/2006

Rápidas do Olinda Arte em Toda Parte
Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista

Expressionismo e existencialismo. Poesias em formas pictóricas


Na quinta reportagem do Penny Press sobre o “Olinda Arte em Toda Parte”, conversou-se com um cara que produz uma pintura bem literária


Erisson Luiz da Silva tem 40 anos e pinta a mais de dez anos. Começou pintando camisetas e depois partiu para as telas. Amazonense de Manaus, com pais pernambucanos, chegou ao Estado aos seis anos de idade. Bacharel e licenciado pela Universidade Rural de Pernambuco, não foi nem pegar o diploma. Lia Dostojevski, e queria ser escritor. Se inturmou com o espaço de cultura libertária e publicava poesia em folhetos com o grupo. Foi vigilante, notificador de cartório, e deixou a poesia de lado. “É muito mais difícil se viver de poesia, pois não cria-se um objeto usual”, enfatiza Erisson. De certa forma, sua arte está contida de sociologia. É uma espécie de “misto regional”. Uma pintura impulsiva, sem muita técnica e proveniente da alma. Assim é o trabalho de Erisson, evolutivo em termos pictóricos, pois no começo só produzia o abstrato. No processo evolutivo, passou para a idiossincrasia, uma característica comportamental de um ou mais indivíduos responsável por interpretar uma situação de acordo com sua cultura e formação. Daí, passou para o figurativismo, onde percebeu que poderia pegar vários víeis da sociedade, onde o regionalismo se apresentou como uma boa característica.

A co-relação do primitivismo com o regionalismo é muito presente em seus trabalhos. Erisson se considera expressionista, com uma pintura dramática e subjetiva, e existencialista, com certa liberdade individual, e tem um certo “pezinho” no Fauvismo. Suas cores são expressivamente fortes nas representações pictóricas. Influenciado por Tereza Costa Rego, João Câmara e a espontaneidade de José do Amparo, também se inspira nos clássicos, como Picasso, Toulouse de Lautrec, o colorido de Valeri Gogan, Van Gogh, Cézanne. De certa forma, seu trabalho se encaixa como releitura de obras clássicas, introduzindo seu primitivismo nas idéias assimiladas. Hoje, não há mais idiossincrasia em suas obras, pois já tem na mente o que quer pintar. Uma técnica bastante “simplista”. “Meu trabalho é uma espécie de crônica. Não houve um crítico pra me categorizar’. Para Erisson, o consumo da arte no nosso país, ainda está preso ao trivial e o necessário. Seus quadros quebram um pouco o conceito de objeto de luxo, sendo acessível e retratador de uma realidade comum.

O ateliê de Erisson fica na rua do Amparo, casa n* 227-b, ao lado do bar Budega de Veio.
Mais informações acesse: http://www.erisson.com.br/
http://www.olindaarteemtodaparte.com.br

29/11/2006

Rápidas do Olinda Arte em Toda Parte
Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto – Jornalista

O encontro de dois movimentos em um só lugar. O abstrato e o surreal se unem e estão bem representados

Antonio Salvatore, o LA, e Sheila Rodrigues falam sobre suas pinturas e a iniciativa do evento


Na quarta reportagem sobre o “Olinda Arte em Toda Parte”, evento esse que tem Bajado como homenageado nesse ano, entrevistei dois grandes pintores contemporâneos, um que segue a escola abstrata e figurativa, a pernambucana Sheila Rodrigues de Oliveira, e Antonino Salvatore, italiano de Catania, que produz uma arte surrealista, muito parecida com a arte de Salvador Dali. Essa quarta edição do “Rápidas do Olinda Arte em Toda Parte” é uma dedicação a duas escolas de pinturas apaixonantes e de extrema valia. O abstrato pernambucano e o surrealismo europeu aqui se encaixam como manifestações em interação, e presentes nesse evento.

Antonino Salvatore, o LA, 37 anos, há um ano e meio trabalha em Olinda. Claramente surrealista, LA começou ainda criança e não gosta do caráter comercial que envolve as artes, no sentido publicitário e de vendas. Seus temas são confusos e envolventes. Típico trabalho surrealista. Procura abordar alimentos, como bolos, sorvetes, além de circos, palhaços e coisas do gênero. “Gosto de pintar coisas loucas, como encubações hidráulicas com bigode, chapéu.., coisas assim”. Com um trabalho bastante inusitado que mexe com o inconsciente, se autodenomina polêmico, e procura sempre dar uma mensagem para quem está olhando para tela. “Creio que Deus me deu uma alma de artista”. Sua técnica consiste em tinta acrílica, óleo e esmalte. Antonino tem certa preocupação com a finalidade do “Olinda Arte em Toda Parte”, por temer que se torne uma feira de artesanato. Em seu quadro, “Eu, Magritte e o Circo”, 78 x 49 cm, bem trabalha a perspectiva surrealista, respeitando temas e formas dessa escola européia. Seus trabalhos estão no ateliê de Sheila Rodrigues e Deyse.

Ainda nesse mesmo ateliê, encontra-se uma arte abstrata, com cores fortes e com certo cunho romancista. Esse é o trabalho de Sheila Rodrigues de Oliveira, 55 anos e trabalha com pintura desde a década de oitenta. Utiliza técnicas mista, acrílica e óleo sobre tela. Seus abstratos não tem títulos, deixando os leitores das imagens livres para viajar nas cores e formas nele presente. “O abstrato é algo mais contemporâneo, uma coisa mais solta, até porque não há uma regra na leitura”, disse a artísta. Já o seu figurativo é dotado de mais técnica, e se influencia, segundo a própria artista, nos trabalhos do italiano Monde Vilain. Moné também a influencia bastante.“Toda minha vida estou buscando. As pessoas falam que tenho que escolher um estilo, mas eu não tenho um só estilo. Dependendo do meu estado de espírito eu pinto o abstrato, ou o figurativo, pois adoro desenhar a forma feminina”. Na concepção de Sheila, o “Olinda Arte em Toda Parte” deveria acontecer mais vezes, pois isso é uma boa oportunidade tanto para discutir, como para fazer a interação artística na terra.
(a esqerda: Quadro de Bajado divide espaço com obras de Sheila Rodrigues)
Seu ateliê fica na rua do Amparo, n* 17, e há várias obras expostas de diversos artistas. Mais informações acesse: http://www.olindaarteemtodaparte.com.br/

28/11/2006

Rápidas do Olinda Arte em Toda Parte

Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista


Abstratismo, figuração e elementos cotidianos se mostram em formas simples, bem trabalhadas e irreverentes

Os elementos da escultura e pintura de Mariza Prado e a simplicidade e a forma popular de representação de Fátima Queiroz


Continuando a caminhada do Penny Press pelo “Olinda Arte em Toda Parte”, passei no Ateliê Espaço 21, onde expõe Maria Mariza de Albuquerque Prado. Mariza Prado produz arte inteligente e muito bem trabalhada. Pinturas abstratas e esculturas figurativas são suas maiores marcas. Logo ao lado do seu ateliê, expõe Maria de Fátima Bezerra de Queiroz, produtora recente, produz uma arte simples e bastante retratista do cotidiano pernambucano. A simplicidade de sua técnica faz nascer certa magia em seus quadros, que passam da irreverência, a um pensamento político.


Mariza Prado, 55 anos, paraibana de Umbuzeiro, produz a quinze anos e trabalha com escultura e pintura. Cursou arte livre, história da arte barroca, linguagem plástica contemporânea, técnica em resina e escultura. Uma arte modernista, que, segundo a própria autora, é mais curtida pelos jovens. Começou com a escultura e logo absorveu a plasticidade da pintura acrílica sobre tela. Já na escultura usa concreto, pó de mármore e resina. Mariza Prado mora a trinta e cinco anos em Pernambuco e a cinco em Olinda. “Deixei de ser dona de casa e me dediquei só a arte”, disse com ar de descontração e muito receptível. “Gosto de tudo o que é arte, mas o que amo mesmo é o modernismo”.


No que diz respeito a pintura, Mariza é autodidata. Nas esculturas existem variadas tendências, com algumas fugas para o figurativo. Há técnicas compostas por pregos, crochês no cordão e acrílica sobre tela, tudo em uma só composição. Sua carreira é marcada pela passagem de uma escultura tridimensional para uma bidimensional pintura abstrata. Sua arte é bastante interessante, pois faz junção de diversas técnicas em um só elemento. Com toda certeza uma das artes mais bem trabalhadas do evento. Curiosa, bem produzida e muito rica.


Colado com o ateliê de Mariza Prado, está o ateliê de Sheila Rodrigues. Nesse encontramos diferentes trabalhos de varios artistas. Entre eles está o trabalho simples e a arte popular de Fátima Queiroz, 53 anos. É recente sua produção nas telas, e antes de produzi-las trabalhava com adereços, estandartes, fantasias e demais coisas ligadas ao folclore nordestino. Sua técnica é a acrílica sobre tela, vez ou outra passando pelo espatulado.
Nascida em Caruaru está em Olinda há trinta e cinco anos, convivendo e se influenciando pelos artistas da terra, como Bajado (homenageado do Olinda Arte em Toda Parte), Mariza Lacerda, Sheila Rodrigues e outros. “O que eu vejo tento retratar da minha maneira, sem nenhum compromisso com a fidelidade. Eu gosto de coisas vivas, claras, o colorido me atrai”.


Os ateliês das duas artistas ficam lado-a-lado e se localizam na rua do Amparo, n* 17. Mais informações acesse: http://www.olindaarteemtodaparte.com.br/

27/11/2006

Rápidas do Olinda Arte em Toda Parte

Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista

Pinturas de diferentes técnicas e escultura talhada na madeira mostram a riqueza de seus conteúdos

Karina Agra, Lubambo e Bello conversaram sobre seus trabalhos expostos no evento


No segundo dia de rolé pelo Olinda Arte em toda Parte, o Penny Press conversou com três artistas pernambucanos que desenvolvem trabalhos diferentes e muito interessantes. A cidade está linda, com pessoas bonitas e trabalhos artísticos bastante expressivos e envolventes. O projeto “Prudente Arte o Ano Inteiro” (rua Prudente de Moraes) está acontecendo na casa 407 com mostra coletiva de artistas que exprimem variados estilos e escolas. Um ambiente aconchegante e atrativo para as pessoas terem a chance de apreciar e analisar diferentes trabalhos.

Entre esses trabalhos expostos, está o quadro “Bastiana só usa chapa final de semana” (pintura a óleo sobre tela) da artista plástica Karina Agra, 31 anos, e trabalha com artes plásticas de forma profissional a doze. Karina retrata a paisagem humana e segue uma linha baseada na fotografia documental. Seu trabalho é uma busca de forma e luz, elementos que realçam a imagem representativa na pintura expressada através da fotografia. A maioria dos seus trabalhos são monocromáticos (preto e cinza), mas também produz uma linha mais pop, onde se trabalha o preto e branco juntamente com o colorido. O quadro Bastiana é algo voltado ao social, com uma linha cotidiana.

Nesse quadro exposto no atelier, Karina Agra segue a foto-documentação, uma espécie de fotografia com cunho iconográfico, refletindo o âmbito e convivência social. Como ponto de referência ao seu trabalho, cita Sebastião Salgado, Costa Neto (pernambucano), Cartier Breson, todos fotógrafos. Já sua influência na pintura vai do abstrato de Juan Miró, ao colorido chapado de Henri Matisse. Portinari e Picasso também se incluem aí.“Eu não tenho um artista específico que eu siga aquela linha e pegue, mas tenho varias influencias que tento passar. Eu acho que isso é o mais importante, agente tem uma referência e transforma no que queremos”. Os trabalhos de Karina Agra são expostos ao longo do ano no atelier Sheila Rodrigues, na rua do Amparo, n* 17, Olinda.

A poucos metros dali, na rua Bernardo Viera de Melo, no atelier Ribeira Arte e Ofício, expõe Adalgiso Lubambo (membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro) , que produz uma arte baseada na marcenaria. Aos 71 anos, Lubambo produz como gente nova. Deve ser porque sua alma é nova. A atividade da marcenaria herdou do avó e era uma questão de sobrevivência. Lubambo contou que sua maior escola de arte foi a curiosidade, a observação e o interesse. Ele trabalha a pintura, escultura e xilogravura de forma talhada na madeira. Depois da aposentadoria, onde trabalhava como economista, suas primeiras “obras” realizadas foram maquetes, onde foi um dos primeiros a produzir esse tipo de trabalho. Simples, muito talentoso e bem descontraído, Lubambo enfatiza: “eu não trabalho pelo dinheiro, e sim porque gosto de fazer. Meus trabalhos não são caros, mas tem preço justo”. Além de expor no Ribeira Arte e Ofício, Lubambo também tem atelier em Aldeia e Boa Viagem.

Ainda ali, nesse mesmo espaço, esta a mostra o trabalho de Alberto Bello, 56 anos e trabalha com pintura humana figurativa e paisagens a trinta anos. Bello faz um trabalho de junção entre as cores espontâneas do impressionismo (impressão primeira) com o desenho marcado do expressionismo (óleo sobre tela). Uma fusão que o artista chama de “Nova Expressão”. Formado em arquitetura, também estudou no atelier de belas artes e fez curso no museu paulista Lasar Segall, e com orientação no México e Argentina. Bello contou que é um pintor que está sempre produzindo; “eu fiz uma pesquisa onde pintei a obra de Francisco Brennand, na qual durou seis meses e disso resultou numa exposição.

O Olinda Arte em toda Parte vai até o dia 09/12. Vale muito a pena conferir.
Mais informações acesse: http://www.olindaarteemtodaparte.com.br/

24/11/2006

Rápidas do Olinda Arte em toda parte

Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista

Bonsai e pintura surrealista. Alguns elementos da sexta edição do Olinda Arte em toda parte

Rafael Cavendish e Jorge Di Farias falam com o Penny Press sobre suas técnicas


Começou a sexta edição do “Olinda Arte em toda parte”, evento que tem como finalidade mostrar o que de artesanato, pintura, escultura e demais artes estão sendo produzidos na contemporaneidade. É uma época que Olinda fica mais colorida, com gente bonita e descontraída, e arte exposta em ateliês e esquinas da cidade. O Penny Press deu um rolé no primeiro dia do evento e entrevistou Rafael Cavendish, bonsaista que está expondo em frente ao museu de arte contemporânea de Olinda, MAC, e também bateu um papo com Difarias, recifense e tem em sua pintura forte influência do surrealismo.

Rafael Cavendish tem 24 anos e cultiva bonsai a cinco anos. “Sempre gostei da natureza e do cultivo de espécies nativas”. A palavra “bonsai” significa “cultivada em bandeja”, e o gênero de planta deriva do antigo oriente. O povo daquela região usava as plantas como remédios naturais, mas enfrentavam problemas quando as plantas se estragavam no decorrer das grandes viagens. Daí, então, a iniciativa de cultivar essas espécies em bandejas para maior duração de vida e resistência. A principal finalidade do bonsai é ter as características de uma planta, ou árvore comum, em tamanho reduzido. Isso inclui a produção tanto de flores como de frutos.

A técnica para elaboração do bonsai consiste, primeiro, na escolha da muda, a definição da frente da planta, e a moldura via aramação dos galhos principais. Os galhos são o que se chama da parte aérea, onde alguns são eliminados. Já na parte da raiz é cortada a raiz pivotante, que é uma raiz mais grossa e que toda planta tem. Dessa forma, apenas se trabalha com as raízes menores. As espécies brasileiras de bonsai são: acácia mimosa (espinheiro), ipê roxo, amarelo ou branco (nativa), pau brasil, jabuticaba, flamboyant etc.

O bonsaista Rafael Cavendish está expondo as espécies Carmona, Acácia Mimosa, Pinheiro negro, Ipê Roxo, Jasmim, Castanhola, Caraibera, Pitocolombo, Palmeira Açaí, Paimera, Bougaville, Fícus e flanboyant. Os preços variam de $ 30,00 (pré-bonsai; plantas que o comprador vai cultivar) a $ 500,00 reais (os maiores e já prontos). Os bonsai estão expostos na frente do MAC, na rua Treze de Maio, a partir das oito da manhã até as seis da tarde, ficando até o dia 9 de dezembro.

Já ali nos Quatro Cantos, na rua Bernardes Viera de Melo, está exposto o trabalho de Jorge Di Farias, 37 anos, e 20 anos de trabalho. Ao fazer um curso de belas artes no Aloísio Magalhães (MAMAM) resolveu se aprofundar e foi fazer um curso de pintura na galeria Le Bihan, em Paris. Di Farias já acumula 14 prêmios, tendo conquistado o mais recente na Inglaterra. Morador de Olinda, ele buscou influências no expressionismo de Van Gogh, no impressionismo de Mone, mas pesquisando e buscando, fala que sua pintura tem influência de vários movimentos e escolas, dentre elas a escola mexicana de Diego Rivera, que explorava a perspectiva oblíqua, muito presente em sua arte.

Sua técnica consiste em lápis a carvão, e após o esboço aplica-se a tinta acrílica sob tela, e dar-se preferência às tintas com pigmentação forte e que dê uma luminosidade maior. Seus temas são inspirados no folclore regional, cotidiano e dia-a-dia do povo. “São elementos que encontro plasticidade e vejo resultados, pois há três anos que mantenho a mesma linguagem” enfatizou o artista. Ele ainda reforçou falando sobre o registro da autoria no trabalho: “Eu percebi que com isso eu descobrir a minha identidade, que é o que todo artista busca. Hoje eu tenho a minha marca e o que se busca, futuramente, é saber que é um trabalho Di Farias sem ter que ler a assinatura. Isso é o que todo artista quer”.

O artista tem uma exposição coletiva (40 artistas participantes) na rua Prudente de Morais no dia 24/11, sexta-feira, na casa 407. Di Farias também faz parte de um movimento que se chama “Prudente Arte o ano Inteiro”, que é realizado mensalmente nas últimas quintas, sextas e sábados de cada mês.
Mais informações: www.olindaarteemtodaparte.com.br

14/11/2006

entrevista
fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista
Mais uma vez o Ponto de Equilíbrio veio mostrar sua magia nos palcos pernambucanos

Banda carioca tocou seus clássicos e mostrou novo trabalho. O vocalista Hélio Bentes concedeu entrevista


Reggae de forma amadurecida, inteligente e muito bem elaborado. Assim podemos definir o Ponto de Equilíbrio, uma banda carioca de Vila Isabel que existe desde dezembro de 1999. Os elementos naturais da música reggae de raiz, são expressados em suas músicas de forma natural e envolvente, lhe prendendo não só as letras, mas também a sonoridade bem formulada e sempre congruente. Cheia de personalidade. Diversos ritmos do gênero negro compõem esse trabalho, feito com responsabilidade e dedicação.

O primeiro CD da banda foi uma demo gravada em 2000 e contou com cinco músicas: “Árvore do Reggae”, “Lágrimas de Jah”, “Rastafará”, “Odisséia na Balilônia” e uma versão própria de “Soul Rebel”, de Bob Marley. O segundo trabalho do Ponto, CD em vigência, “Reggae a vida com amor”, foi gravado em 2003, ganhando o disco de ouro por ser o CD de natureza independente mais vendido em 2004 (50 mil cópias).

Musicalmente falando, o Ponto de Equilíbrio é uma banda que sai do que hoje podemos chamar de “convencional” no reggae. A utilização de variados ritmos, juntamente com a experimentação que dá variadas formas aos mesmos, fazem com que suas influências ultrapassem o reggae como ritmo. O dub e o nyabinghi (sonoridades originalmente jamaicanas e africanas) são muito presentes em suas músicas, juntamente com o samba, completando assim suas principais influências rítmicas.

A música Rastafari, que para ser boa precisa ter junção entre boa letra (filosofia) e bom som (influências), é bem representada pela banda quando se encontram diferentes princípios musicais em um mesmo CD. As letras do Ponto chamam atenção a projeções sociais, como luta de classes, e linhas filosóficas e religiosas, como o rastafarianismo. A banda é formada por Helio Bentes (vocalista), Pedrada (baixo), Márcio Sampaio (guitarra base), Tiago Caetano (teclados), Rodrigo Fontenele (percussão), Marcelo Campos (percussão), Lucas Kastrup (bateria) e Ras André (guitarra solo).

Na sexta-feira, dia 10 de novembro, tive a oportunidade de conversar com o compositor e vocalista da banda antes deles fazerem um show, realizado no clube Português, Recife. Hélio Bentes falou como é o processo de elaboração das músicas do Ponto, como surgiu a banda, suas influências sonoras, como é o relacionamento com a mídia e mais.

Pouco antes do show, a banda teve a oportunidade de passar uma tarde de autógrafos na loja Urban Wave, no centro da cidade do Recife.

Como surgiu a idéia de formar o Ponto de Equilíbrio?

- A idéia de formar a banda existia antes mesmo de agente formar a banda. Havia uma procura forte de todos os integrantes da banda em encontrar músicos que fizessem uma música reggae com as mesmas características do reggae jamaicano e original. A música reggae não é só uma música que você vai cantar e as pessoas ouvir, é preciso você entender, e nós oito somos amantes desse ritmo, então, quando você é amante de um ritmo que as pessoas não conhecem muito bem e nem é muito fácil de você chegar a ele, claro que você vai se tornar muito mais fiel.
Então como éramos fãs fiéis do reggae de Bob Marley, Peter Tosh e outros nomes, queríamos fazer do nosso, com a língua brasileira, um reggae que vinhesse com as características reais do reggae, como uma música de louvor, protesto e amor. Não este amor sentimentalista visto em novelas, mas sim verdadeiro, que surge dentro de todos nós, bastando-o encontrá-lo.

Por quê o nome Ponto de Equilíbrio e qual a relação da religiosidade com a música da banda?

- O nome da banda vem de um princípio. O ponto de equilíbrio é um ponto em comum, é um nada ou pode ser o tudo. “Uma árvore sem raiz não fica de pé”, isso significa um ponto de equilíbrio. Já o lado religioso é uma coisa que agente vai buscando junto com a música. Ao mesmo tempo que agente vai evoluindo com a música, evoluímos religiosamente, porque a música reggae tem a ver com a religiosidade, principalmente com a filosofia Rastafari.
Religião, no meu modo de ver, não é como chegar numa Igreja, ficar ajoelhado rezando em um Domingo, e sim uma maneira de se religar com Deus, e nosso modo de religião é a música rastafari.

Qual são as influências nacionais e internacionais e o que a banda escuta entre bandas nacionais e internacionais?

- As influencias nacionais não vem do reggae e sim do samba. Quando agente começou queríamos fazer um reggae bem raiz, do jeito que os jamaicanos faziam nos anos 70. Era um reggae que não se fazia na época aqui no Brasil. Agente não foi muito influenciado por bandas de reggae brasileiras, e sim por bandas jamaicanas como Bob Marley, Burning Spear, Gladiators, Peter Tosh. Hoje em dia agente escuta todo tipo de música, como nós sempre ouvimos, e outras músicas também influenciam nas nossas músicas.

As letras das músicas do Ponto tem um certo cunho de profecia. Isso é um papel do reggae como ferramenta de ascensão filosófica e social?

- É exatamente isso que você falou! Nós somos ferramentas, você tá sendo uma ferramenta. Não é só social, mas como também interior, espiritual.

Como é o processo de elaboração das músicas, o ritmo é sobreposto as letras ou vice-versa...

- He brother, aí que acontece. É vice-versa. As vezes alguém vem com uma linha de vocal e o pessoal coloca uma música por cima. As vezes se chega com uma simples idéia e se transforma numa música. É inspiração. Todos compartilham desse processo, qualquer um pode chegar e colocar uma idéia. Não existe líder na nossa banda. Depende do que vai acontecer a letra ou a música se sobrepõe uma a outra.

Na tua opinião, como está o cenário da música Reggae brasileira hoje?

- Pode parecer que está crescendo, que isso é uma esperança que agente tem que guardar dento da gente. Mas ao mesmo tempo não encontramos apoiadores com mais porte de capacidade, para poder expandir a música reggae para os povos aqui no Brasil, pois se está precisando. As vezes o reggae não chega onde tem que chegar e de uma forma que tem que chegar. Chegou a mim, mas não chegou a muitos outros que poderiam fazer uma música reggae boa, que poderiam levá-la para dentro da sua vida como uma coisa que vai mostrar o caminho certo.

Esse é o papel do Ponto, fazer essa música chegar para outras pessoas?

- Mas é claro, sempre foi e sempre será se Deus quiser.

A banda já tocou aqui antes. Como o público nordestino reagi ao som de vocês.

- O público nordestino é um público quente. O público que é feito para o reggae. Eu fico amarradão de estar aqui no nordeste. Se eu pudesse moraria aqui um tempo.

Como é a relação da banda com as rádio e os veículos de mídia?

- É simples. O movimento alternativo ajuda muito agente. Eu queria até parabenizar e agradecer esse pessoal. As rádio FM e AM já é um esquema um pouco diferente. Jornais até que acontecem pelo fato de termos uma boa produção, mesmo independente, onde há pessoas com força de vontade. Isso faz o nosso trabalho de independente virar um “independente seguro”.
Agente tem um vídeo-clip, que é da música “Aonde vai chegar” que é divulgado em alguns sites de reggae.

Em abril de 2004 a banda conseguiu o CD de ouro com este segundo álbum (reggae a vida com amor), um dos discos independentes mais vendidos no Brasil (50 mil cópias). Qual o conselho que tu deixa para essas bandas alternativas de reggae que tem pouco espaço, e luta de forma também independente por um lugar melhor?

- A primeira coisa é ter força de vontade! Acreditar no seu trabalho e que tudo vai dar certo, e não ter pressa de ir logo para uma gravadora, pois isso pode acabar com o trabalho. A mensagem que eu passo é força de vontade, é a primeira palavra. Aqui, essa terra, é comandada pelos homens e agente faz uma música que precisa se sustentar. Precisa de estar em cima de um palco, precisa de “instrumentos”, de pessoas.


No final do show, George, vocalista da banda Pernambuca de reggae N’Zambi, entregou a Hélio Bentes, em ato simbólico, o disco de ouro conquistado pela banda. O ponto de Equilíbrio aproveitou a oportunidade do evento para tocar algumas músicas novas do próximo CD, que, provavelmente, sairá no começo de 2007. Teve quem achou que a banda poderia tocar mais e a percussão estava um pouco baixa. Mas de um modo geral, foi um show cheio de magia e com muita música boa. O pernambucano sempre quer mais reggae.

Mais contatos sobre a banda acesse: www.bandapontodeequilibrio.com.br . Em breve mais fotos da banda no site: www.flickr.com/photos/luizoolinda

03/11/2006

crônica cotidiana
Aleatoriedade textual

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista

Pontas de cigarro, copo vazio, pensamentos distantes, tristes lembranças. A solidão como compania regava o registro das palavras, anunciava mais um texto, alimentava a velha, necessária e insubstituível vontade de escrever.

Tudo não passava de ilusão momentânea, que nutri os poucos minutos com pobres e valiosas palavras. Valorosa atitude de uma pequena ação, a de passar para o papel a vasta imensidão de um pensar, fazendo brotar o pequeno grande ato de um pesar.

Pensamento iconográfico, retratista da semiótica documental de um passado resgatado. Notícias informais surgem em lembranças jamais esquecidas. Registrava-se o aleatório, dava-se forma ao descompasso, ganhava-se tempo.., para pensar.

A influência vinha do vazio que borbulhava em conteúdo. A dificuldade era a desarticulação que corrompia todas as idéias provenientes do acaso. A simetria das palavras era de princípio natural, pois sua beleza consistia no aleatório. Assim, por final, o texto se fez.

01/11/2006

crônica cotidiana

Fragmento retratado

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista

Onde está o foco?
Onde se encontra o objeto da imagem?
O que se mostra é o que se pensa?
O que se aprende e o que se vê?

Perguntas sem respostas ou imagem sem conteúdo?
Desfoque proposital e resultado de um conceito sociológico?
O que se olha é o que se sabe ou o que escondemos?
Ignoramos o sentido e contextualizamos o cotidiano, ou passamos por desapercebidos e fingimos que não olhamos?

Onde se encontra nossa culpa e de que forma percebemos onde somos culpados?
crônica cotodiana

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista
Lá ia mais um...


O sol nascia à flora, na intenção de queimar as costas.
Nuvens ao leo, que padeciam no céu.
Lá ia mais um...
Com a silhueta na face e a força no pés...
Circundado pela civilização, comportado em sua locomotiva.
A terra era escassa em piso abundante.
Reflexo de cores brilhava na lente, pois ela seria o fluxo dos coqueiros e postes atras situados.

A terra morria a seco, sem era nem beco.
Pouco sobrou pra ela. Muito se tirou dela.
As britas nasciam diante da luz, que regava um futuro em rodas equilibradas.
Lugar sem fruto e um ser com caminho. Roteirizado pelas pedaladas, que no piso batido, estruturara suas muralhas, onde aos lados moravam e do chão nasciam.

La vinha mais um...
Ninguém sabe da onde, e pra quê saber o por quê.
Prezava-se mais um dia iluminado em meio a ladeira.
Ia lá mais um combatente desse dia novo.

31/10/2006

crônica cotidiana
foto e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista
A técnica de uma arte simples



Talhava-se à mão a composição de um cotidiano dotado de alegria e irreverência. Dava-se forma a um contexto original e bem trabalhado. A arte era simples e composta, rica e casual. As formas contextualizam o dia e retratam a cultura, adjacente a um processo histórico, complacente a técnica da beleza.

Traços básicos compõem a representação cotidiana de uma cidade capital nacional da cultura, capital mundial da alegria, capital universal de um carnaval original e artístico, cultural e popular. O artesanato do povo é a interpretação do seu dia-a-dia. Sua fortaleza é sua inspiração, artística e genuína, simplesmente alegre e composta de vida.

Oh, Linda! Como és linda... uma princesa andarilha dos pensamentos nostálgicos e vanguardistas. Expositora de fé, arte, descontração e originalidade.
A tua beleza é da terra, tua composição histórica, a técnica da tua arte é simples e natural.
És uma rainha.., és Olinda!
crônica abstrata


O maior elemento do tempo


foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista


Passavam-se os dias, corriam-se as horas. Tudo não passava de mera ilusão que corroía os pensamentos com indagações sem fundamentos. Analisavam-se os caminhos percorridos, dados com coragem e sem pudor. A estrada era longa, os passos se faziam curtos, na tentativa de preservar o tempo que teimava em passar lenta e freneticamente.

Os segundos palpitam os minutos, que em congruência com as horas, especulavam um novo tempo. Ali estava ele, estabelecendo o presente e ditando o futuro, sem rancor ao que se passou, mas com vontade ao que viria a acontecer.
Perguntava-se o por quê do não fundamento do tempo passado, tinha-se o medo e a dúvida da progressividade do mundo como resposta. A resposta baseava-se na ciência da consciência aleatória. Quem saberia responder a pergunta que ainda não foi feita? Qual seria a melhor pergunta para determinada hora?

E em meio à indagações fundamentais e fundamentos ainda não indagados, surgiam os segundos, segundo o qual ninguém se lembraria, pois é passado, calado pelo tempo, esquecido pelas palavras. Uma eternidade congelada a qual o tempo jamais esquecera. Um fundamento passado, indagado no benefício da lembrança e da riqueza do tempo. Um elemento essencial das horas passadas...

24/10/2006

crônica abstrata
Um novo olhar
foto e texto por Luiz Bernardo Barreto /Jornalista

Compassos futuros de uma progressividade sem destino eram dados de forma lenta e gradual. As formas eram traçadas em composição com estilo e sem traço. A pintura nunca era neutra, dotada de sentido abstrato e sem sentido.

A virtualidade desvirtuava o objetivismo, que tinha como finalidade o incerto e um conceito. O conceito era desconcertante, absolvido pela informalidade de uma nova ordem. O tudo era resumido a um fragmento.

A intenção não tinha compensação. Dava-se a expressão na vontade da captação, de um saber, de um porquê, de um querer. Fazia-se o possível para que o impossível se tornasse possível.
O desejável era concreto e de fácil uso, de fácil utilização e descontração. Passivelmente se estabelecia uma guerra interna e controvertida. Há controvérsias em indagações requerentes de tais objetos quando o assunto se tratava de sua natureza.
Nascia o abstrato, condizente ao sentido ilógico e cheio de sentido, reluzente como forma que informa um novo mundo. Estabelecia-se a nova forma. Produzia-se o novo olhar.

17/10/2006

poesia abstrata

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista


A representatividade inexistente

Entre poetas mortos e heróis inexistentes
Entre o mar aberto e um céu desprovido de luz
Entre o nascer do sol e o sono da lua
Entre um passo à frente e uma caminhada sem destino
Onde se encontra a verdade dos fatos !?

Com os olhos bem abertos nada se via
Com um pensamento compenetrado tudo se articulava
Com uma idéia na cabeça algo se constrói
Com a essência de um sentimento a confiança se estabelece
Quem conhece o fato verdadeiro !?


Não adianta olhar, e sim pensar
Não adianta acreditar, e sim fazer crer
Não adianta especular, e sim construir
Não adianta só ter sentimento, e sim fazer sentir
Quem conhece a real veracidade de um fato irreal !?
Onde se encontra algo que nunca existiu !?

18/05/2005
Sem nada cabeça e com muita vontade de escrever
artigo

Ordem e Desordem. Um relacionamento bagunçado, bagunceiro e bem fundamentado.

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista

Sabe aqueles dias que tu chega no teu limite, percebe o quanto é acomodado e sem condições de organizar qualquer coisa que seja. É aí que agente se toca de como somos bagunçados (não necessariamente bagunceiro), de o quanto que nós não alinhamos nossas vidas com boa dose de simetria, e um “tantinho” de organização. Percebemos que o limite chegou, e junto a ele, a paciência.

De cara agente fica puto, louco de raiva, indignado consigo mesmo. Depois, nós paramos.., simples assim, como quem estivesse surpreso com si mesmo. Puta ironia, agente vê o que não esperava sentir! E no final percebe-se que a reflexão conduz ao primeiro passo à uma “libertação da escravidão mental” .

Exageros a parti, verdade seja dita! Quem conviveria conosco se, as vezes, não conseguimos conviver com nós mesmos. É foda ter que admitir isso, mas é mais foda saber que existe o problema e deixar ele crescer mais ainda, impondo seu limite que não tem limite, fazendo a sua própria regra, que por sinal, é nunca ter regra. Quando percebemos que o quê nos faz ser bagunçados é uma “leve tendência” a ser bagunceiro, é que se ligamos que o “mal” vem de dentro. Ô peso leve pra ser tão pesado!

Mas aí, agente já parou para refletir, discutir consigo mesmo a origem, finalidade, destino e conseqüência.., pior de todas, que amargura e faz crescer. A origem se revela na preguiça, de pensar e de agir. A finalidade anuncia um caminho sem destino, onde acumula-se uma porrada de obstáculos. O destino é um só; ficar só. Enquanto a conseqüência.., essa pode vir de várias formas...

...ela vem de mansinho, como quem não quer nada, esperando pra dar o bote. O bote é certeiro, e faz perceber que o acúmulo da bagunça te tira tempo, disposição, reflexão e conforto. Sem falar na beleza física do ambiente. Ambiente esse que pode ser você, suas coisas, seus pensamentos, atitudes e manias. O relaxamento é o grande nome pra resumir tudo isso. A falta de planejamento é uma das ferramentas que te tira um resultado final mais fácil e inteligente. E lembremos aqui; o conceito de bagunça aqui citado também se remete à pessoas desorganizadas.

Entre outras formas que fazem derivar a conseqüência da preguiça, existe o descompromisso. Pra que se comprometer com algo que achamos que não é de nosso compromisso? Ou até que seja, mas que agente não tenha vontade de se comprometer. He.., pois é nesse “achismo” que nós pecamos. É nele que agente deveria se concentrar para acertar, e é dele que nós temos que tirar proveito quando vier. Negando-o e procurando ser organizado e instantâneo.

Afinal de contas, rapidez e agilidade nessa sociedade em que vivemos, são fatores importantes. A preguiça move o mundo, pois se não fosse, para quê vidro elétrico nos carros, controles de televisão, de ar-condicionado, de portão de garagem e mais um bocado de engenhoca, que existe por aí para facilitar nossas vidas? Ou seja(mais uma vez), até a rapidez e a agilidade já foram “patenteadas”. O mundo capitalista assumiu essa destreza e tecnologia. E é aí quando os “bagunceiros” picham o muro, e os “bagunçados” até conseguem fazer arte.

A tendência que existe de um artista fazer um desenho simples e territorialista na rua, pode partir do princípio da não organização do seu dom, talento, trabalho, força de vontade e espírito. É aí onde se constrói a desorganização e a falta de planejamento, fazendo agente andar em círculos e sem destino, pois o destino é não ter rumo, e continuar sempre na mesma direção, na mesma situação.
Mas o melhor remédio para essa praga da desordem, é você organizar a sua própria desordem, fazendo com que ela seja apenas momentânea e não tenha nocividade no seu dia-a-dia, pois sabe-se, ou pelo menos tenta-se ter a consciência, que dar para negá-la. Que isso não seja um obstáculo que te tire tempo, agilidade e inspiração. É como registrou o grande músico Chico Science; é organizando que se desorganiza, e é desorganizando que se organiza. Agora, tá mais do que explicado, tá fundamentado. Que a desordem pessoal não reflita em uma trajetória profissional e de necessidade. E que a organização e a própria desorganização aconteça em prol da produção.

28/09/2006

texto informativo
Luiz Bernardo Barreto / jornalista
A forma que informa a nossa formação “desinformada”

A relação da política de comunicação mundial com o sistema Brasileiro de mídia

...E nessa globalização contemporânea, a convergência tecnológica no setor de comunicações se torna uma “concentração de propriedades”, provocando a consolidação e a emergência de um reduzido número de mega-empresas mundiais. E a aprovação do Telecommunications Act americano, a lei das comunicações Norte-Americana, em fevereiro de 1996, se transformou em um “mar de aquisições”, fusões e joint ventures que envolve estados nacionais, bancos, grandes empreiteiras e empresas transnacionais privadas, estatais e mistas.

He... e esse processo de oligopolização e emergência de novos e poderosos global players no cenário econômico e político mundial faz com que aconteça uma ação coordenada de várias empresas no mesmo grupo, tornando-se uma espécie de “ação inevitável”, sendo mais eficiente do que a de empresas isoladas. As conseqüências desse novo padrão internacional? Ha... muito simples. Fusão de diferentes políticas públicas de comunicação, presença de conglomerados empresariais, os global players, e organismos internacionais como a UIT (União Internacional de Telecomunicações), a OMC (Organização Mundial do Comércio), e outros mais, agindo como “poderosos atores” na formulação dessa política de comunicação.

Pois é... e o Brasil não foge a regra. Aqui nós temos a Lei do Cabo, que permite a participação estrangeira em até 49% do capital das concessionárias. Temos também a Lei Mínima, que permitiu a entrada de capital estrangeiro nas áreas de telefonia celular e de telecomunicações. E já não bastasse, também temos a Lei Geral de Telecomunicações, que autoriza o poder executivo a estabelecer quaisquer limites a participação estrangeira no capital de prestadoras de serviços de telecomunicações. E assim se forma o nosso sistema de mídia brasileiro. A respeito da emergência de novos global players e do padrão universal de concentração da propriedade, sobrevivem no Brasil a velha estrutura familiar, o renovado vínculo com as elites políticas locais e/ou regionais, e a crescente presença das igrejas no setor de comunicações.

Não há dúvidas sobre a crescente relação existente entre informação e conhecimento, e o papel-chave que esse último desempenha como fator de poder nas sociedades contemporâneas. Tanto é verdade que o controle da informação (armazenamento, disponibilidade e acesso) é uma questão estratégica tanto para empresas como para Estados- Nações. Também sabemos do poder de longo prazo da mídia na construção da realidade por meio da representação que se faz nos diferentes aspectos da vida humana.

Por isso não podemos reduzir a importância das comunicações apenas a transmissões de informação, como muitas vezes se faz. Elas não são canais neutros. E sim, “construtoras de significados”.

27/09/2006

opinião
A base televisiva como suporte ao vídeo educativo

Luiz Bernardo Barreto / jornalista

O perfume da fama, a beleza de uma imagem, a alegria do entretenimento, a presença da persuasão. Que o intencional navega em seu olhar e faça os elementos sensoriais caminharem rumo à sua lógica. Daí, seu “eu” torna-se virtual, numa pequena-grande escala de tempo e com vários processos de funcionalidade comunicacional. Então você se insere numa caixinha mágica e cheia de cores, cujo nome tem porte e atração.., pois seu nome é Televisão.

Afinal de contas, quem não assiste a essa ferramenta? É como se perguntar se há político que não se deixa corromper. Está em todos os lugares, literalmente, roubando atenções e produzindo estereótipos. Dando lugar a quem tem, espaço a quem precisa (quando julga precisar), e poder para quem a detêm. A diversão é praxe, quando o assunto é só entreter e não informar.

Dessa forma constói-se um molde capitalista, ausente de informação completa e de qualidade, presente de conteúdo intencional e descompromisso para com o receptor. Mas isso é o que se procura, pois seu ingrediente faz nascer um “bolo” de falta de conhecimento.

Mas para que esse bolo sem açúcar, sem forma e mal feito não chegue por completo ao nosso paladar, temos que suprir esse gosto com um tempero que enriquece e faz crescer. Essa receita é o vídeo! Eu poderia dizer, facilmente, que também existem vídeos com padrões televisivos. Mas posso dizer também que, com certeza, existe esse mesmo em uma “vertente” mais inteligente e compromissada. Essa ferramenta é o vídeo educacional.

Um debate como modelo, especialistas como fonte de informação, reportagens assumidamente neutra e imparcial, planos gerais e fotografia natural.., elementos que se fazem características em um vídeo educacional, que tende a ser suporte de aula. Essa é a grande pauta dessa ferramenta. A congruência do entretenimento e o conhecimento, do compromisso com a informação, do respeito com o conteúdo, das novas ferramentas com a interação. Esses são os pilares do vídeo educativo.

Mas a esperança mora naqueles que assistem a TV para dominar sua linguagem, e a transformar e moldá-la em um vídeo de educação. Postando o interesse de um bom conteúdo e assumindo essa tecnologia na vontade de construir um novo conceito audiovisual.