Texto(2003), Fotos(22/09/06 Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco)
por Luiz Bernardo Barreto
A coreografia da fineza suplanta a selvageria do mundo, pois a “verdade” dará o ar de sua graça. O jornalismo, hoje, nada mais quer do que triunfar pela elegância, passando pela arte, baseando-se na ilustração e documentação. Fazendo isso, ele terá garantido o seu lugar na “casa” da honra e da nobreza.
... e a ética se transformou na etiqueta que constrói as cerimonias do espetáculo informativo. Afinal de contas, as relações de poder tem que ser ritualizadas e representadas pela “ética etiquetada”. E não menos diferente, a autoridade posta (e imposta) celebra as festividades da “etiqueta étnica”. Então, supõe-se que a etiqueta nada mais é do que o gozo de uma hierarquia aristocrática, pois bem se sabe que essa “ordem” nasceu para ser eterna e imutável. A imprensa nasceu das revoluções que maquiaram a democracia moderna.
Democracia.., há “democracia”. Afinal de contas, muitos princípios do jornalismo nasceram das idéias iluministas da revolução francesa. Revolução essa que também abrange “alguns” princípios do capitalismo.
He.., deve tá quase explicado porque é assim o novo jornalismo. Afinal de contas, o capitalismo
vive uma “ética etiquetada”, de contratos, favores e deveres. O jornalismo é conflito. E se não há conflito no jornalismo, alguma coisa está errada. Os meios de comunicação se estruturam como o novo “palácio” da aristocracia (agora burguesia), por isso, será que eles querem preservar os direitos do cidadão? É demagogia...
Concluímos, então, que o jornalismo que não volta-se à ética etiquetada do capitalismo, deve ser uma instituição da cidadania, sendo uma vitória da verdadeira ética, buscando o bem comum para todos e procurando a emancipação que pretende construir o estado da igualdade. Só assim converteremos a etiqueta em uma pureza ética, e moldaremos a ética sem qualquer etiqueta. Mas essa é uma visão utópica, e a realidade condiz com o conflito, pois esse traz o equilíbrio.
Quem tem ética não precisa de etiqueta... e, na imprensa, quem vive de etiqueta não tem ética...