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17/12/2010
14/12/2010
Prova da Terceira V.A | Sociologia das Organizações | UFRPE 2010.2 | Curso de Ciências Sociais
Eu precisava postar essa prova pra não esquecer pelo resto da vida... tirei 10, fiquei com média 09... estudei muuuito.... isso tem que ficar gravado ao menos na minha "memória", ou seja, registrado pela eternidade....
ALUNO(A): Luiz Bernardo Barreto | DATA: 09/12/10
ATENÇÃO: A VA é individual; a VA só pode ser respondida com caneta de cor preta ou azul; todas as dúvidas que o aluno(a) tiver, deve se dirigir ao professor; a VA está organizada em oito questões, das quais o aluno(a) deverá responder apenas cinco, cada uma valendo de zero a dois pontos.
QUESTÕES
Boa Prova!
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DECISO
CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES
PROF.: FÁBIO BEZERRA DE ANDRADE
ALUNO(A): Luiz Bernardo Barreto | DATA: 09/12/10
ATENÇÃO: A VA é individual; a VA só pode ser respondida com caneta de cor preta ou azul; todas as dúvidas que o aluno(a) tiver, deve se dirigir ao professor; a VA está organizada em oito questões, das quais o aluno(a) deverá responder apenas cinco, cada uma valendo de zero a dois pontos.
QUESTÕES
1ª) Para Weber a autoridade só pode ser exercida sob uma base legítima. Conforme tal afirmação explique sob que base de legitimidade, são exercidas os três tipos de autoridade que o autor identifica?
2ª) A análise de Weber sobre o processo de burocratização e racionalização intrínseco ao surgimento da modernidade ocidental, do ponto de vista da organização social, identifica, como tendência geral, o surgimento de grandes organizações públicas e privadas, articuladas em torno do princípio hierárquico das funções, da autoridade legítima e da formalização das relações, possibilitada pela racionalização das atividades. Essa imagem remetida à idéia de “jaula de ferro” caracterizou as organizações ao longo do século passado. Tal imagem parece está se desfazendo, o que leva Sennett a falar em desenjaulados. O que devemos entender por esse processo e quais as implicações para o indivíduo nesse novo contexto? Explique.
3ª) Quando Sennett se refere a nova página, está chamando a atenção para um conjunto de mudanças no âmbito das organizações e suas implicações para os indivíduos aí inseridos. Dentre essas mudanças o autor destaca aquele que diz respeito a arquitetura institucional, apontando para o surgimento de um novo modelo, diferente do piramidal. Em que consiste esse novo modelo? Explique.
4ª) Segundo Parsons: “O ponto principal de referência para a análise da estrutura de qualquer sistema social é seu padrão de valores. Este define a orientação básica do sistema (no caso presente, a organização) em relação à situação em que opera; portanto, orienta as atividades dos participantes”. Como o autor desenvolve esse argumento para as organizações? Explique.
5ª) Como se assegura a reprodução das relações de produção? Explique
6ª) Qual a base de sustentação do discurso do empresariado brasileiro para a atuação do terceiro setor? Explique.
7ª) Segundo Althusser, a ideologia interpela os indivíduos como sujeitos? Explique como se dá esse processo.
8ª) Conforme Sennett: “Num período de cem anos, da década de 1860 à de 1970, as corporações aprenderam a arte da estabilidade, assegurando a longevidade dos negócios e aumentando o número de empregados”. Como isso foi possível? Explique.
Boa Prova!
1ª) Para Weber a autoridade só pode ser exercida sob uma base legítima. Conforme tal afirmação explique sob que base de legitimidade, são exercidas os três tipos de autoridade que o autor identifica?
A base de legitimidade se estrutura por diversos motivos, podendo ser por mero interesse, por situação ou conjuntura, sendo motivada pelo cálculo da conveniência do indivíduo, pela sua afeição, ou seja, por dedicação puramente pessoal ao indivíduo que recebe o comando. Contudo, em regra, tanto aqueles de quem emanam as ordens, quanto às próprias regras, sustentam a estrutura de poder interno como sendo “legítimo” de direito. A burocracia, por exemplo, representa o tipo mais puro de autoridade legal. Há um “contrato”, baseado em regras, que se mostra como instrumento representativo das relações de autoridade, objetivando a autoridade legal. Se essas regras falharem, aderem-se as considerações “funcionais” da conveniência.
A base da autoridade legal baseia-se na promulgação, assim como a burocracia (essa representa o aspecto mais puro de autoridade legal). A obediência é devida a regras e regulamentos legais que preceitua a quem e a que regra deve-se obedecer. O conjunto governante é eleito ou nomeado, e compõe organizações racionais. A pessoa que comanda é tipicamente o “superior”, dentro de uma “competência” ou “jurisdição” funcionalmente definida, e a promulgação acarreta em seu direito de governar. A autoridade legal é composta por subunidades heterônomas e heterocéfala denominada de “autoridade pública”. O “saff” administrativo compõe-se de funcionários nomeados pela autoridade, e os indivíduos que obedecem às leis são membros do que se chamam conjunto político, os “concidadãos”. O funcionarismo público de instância é treinado, os termos do seu emprego são contratuais e proporcionam um salário fixo, de acordo com a posição ocupada.
A autoridade tradicional baseia-se na crença da autoridade da ordem social e de suas prerrogativas, existentes desde o passado. O seu aspecto puro é autoridade patriarcal. As relações comunais são o conjunto político (body politic), e o indivíduo no comando é o “senhor” que exerce domínio sobre os “súditos” obedientes. A obediência se baseia na devoção. A violação da tradição pelo senhor exporia ao perigo a legitimidade de seu domínio pessoal. A coexistência da esfera estritamente tradicional e da livre esfera de conduta é um aspecto comum de todas as formas tradicionais de autoridade.
A autoridade carismática baseia-se na devoção afetiva e pessoal dos seguidores do “senhor” e nas dádivas de sua graça (carisma). Os tipos mais puros estão incluídos no domínio do profeta, do herói guerreiro, do grande demagogo. A pessoa no comando é tipicamente o líder, e é obedecido pelo “comandado”. A obediência é devida estritamente ao líder, como pessoa, pelas suas qualidades fora do comum, e não devido à posição ou dignidade tradicional de que esteja investindo. Essa autoridade é totalmente autoritária e senhorial por natureza. O domínio carismático representa uma relação específica, extraordinária e puramente pessoal.
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2ª) A análise de Weber sobre o processo de burocratização e racionalização intrínseco ao surgimento da modernidade ocidental, do ponto de vista da organização social, identifica, como tendência geral, o surgimento de grandes organizações públicas e privadas, articuladas em torno do princípio hierárquico das funções, da autoridade legítima e da formalização das relações, possibilitada pela racionalização das atividades. Essa imagem remetida à idéia de “jaula de ferro” caracterizou as organizações ao longo do século passado. Tal imagem parece está se desfazendo, o que leva Sennett a falar em desenjaulados. O que devemos entender por esse processo e quais as implicações para o indivíduo nesse novo contexto? Explique.
Falando, especificamente da vida das pessoas nas instituições, Sennett vem firmar o conceito que, primeiramente, houve nas grandes empresas a mudança do poder gerencial para o poder acionário. Desenjaulados, na concepção que Sennett traz, na contraposição de Weber na “Jaula de Ferro”, é uma alusão aos que seriam os investidores recém-investidos do poder, vivendo esses num efeito cumulativo de grande liberação de capitais, e da pressão por resultados de curto prazo, transformando a estrutura das instituições mais atrativas para esses investidores.
Tais investidores avaliam resultados antes pelos preços das ações que pelos dividendos corporativos. O pacto social inerente ao modelo weberiano, escorava-se na convicção dos que estavam dentro da instituição de que ela seria capaz de enfrentar qualquer tempestade. Já agora, a disposição de desestabilizar a própria organização parece um sinal positivo. A instituição com modelo de jaula de ferro burocratizante de Weber, dar lugar a um modelo de instituição que preza pelo desafio constante.
Na concepção do indivíduo, o novo ideal se moldura no sentido de abrir mão das poses, sendo isso uma necessidade concreta para os executivos que tentam conviver com as pressões do “capital impaciente” (na formulação de Bennett Harrison). O desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação e manufatura é um grande desafio no qual se defronta a jaula de ferro.
Do ponto de vista dos indivíduos no interior de instituições, a revolução das comunicações teve o significado de aperfeiçoar, utilizando a informação de maneira intensiva e inequívoca, disseminando-a por toda uma corporação. A comunicação do trabalhador dos últimos escalões ficou mais rápida e ágil com dos trabalhadores dos escalões superiores, permitindo transmitir para cima de maneira instantânea e sem mediação. Na organização de vendas, o desempenho dos representantes de vendas pode ser mapeado em tempo real em casa, na tela do computador.
Dessa forma, uma das conseqüências da revolução da informação foi a substituição da modulação e da interpretação das ordens por um novo tipo de centralização. Para os executivos pressionados pelo capital impaciente, a conseqüência imediata do avanço tecnológico foi imbuí-los da convicção de que, detendo a informação, poderiam promover rápidas mudanças a partir do alto da linha de comando.
A automação, um aspecto da revolução tecnológica, teve uma grande conseqüência na pirâmide burocrática, ou seja, a base de uma instituição não mais precisa ser grande. Serviços simples fazem o diferencial, como os códigos de barra, as tecnologias de identificação de voz, as pequenas máquinas que fazem os trabalhos dos dedos etc. Criar empregos para todos, na maneira antiga, hoje em dia é desafiar ou ignorar a força da moderna tecnologia. A conseqüência dessa capacidade tecnológica é que a inclusão das massas pode ficar para traz, sendo os que vão ficar de fora, as camadas mais vulneráveis da sociedade, aqueles sem especialização.
À medida que a automação é disseminada, as capacidades humanas predeterminadas são recuadas. Entra o conceito de cultura, na qual afirma uma individualização idealizada, capaz de prosperar no agitado mundo de aquisição do controle de empresas. Essa pessoa idealizada foge das dependências, não se prendendo aos outros. Ao invés da vida dentro da instituição, os reformadores querem mais iniciativa e capacidade empreendedoras pessoais, sendo, então, o vale-educação, a conta de poupança dos empregados para a velhice e para assistência médica, o bem estar do individuo regido como uma consultoria de negócios.
As pessoas que tendem a trabalhar em casa, no computador, ou por conta própria, por exemplo, tendem a ficar marginalizadas das redes, perdendo os contatos informais. Ao livrar-se da jaula de ferro (e fazer nascer o conceito de desenjaulado), o modelo da nova economia serviu apenas para reinstituir esses traumas sociais e emocionais numa nova forma de instituição.
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3ª) Quando Sennett se refere a nova página, está chamando a atenção para um conjunto de mudanças no âmbito das organizações e suas implicações para os indivíduos aí inseridos. Dentre essas mudanças o autor destaca aquele que diz respeito a arquitetura institucional, apontando para o surgimento de um novo modelo, diferente do piramidal. Em que consiste esse novo modelo? Explique.
A nova página se desenha na medida em que os investidores dotados de novo poder, querem resultados a curto, e não a longo prazo. A compra e venda de ações no mercado aberto e fluído, dar maiores e mais rápidos resultados que o controle de estoque acionários a longo prazo, por exemplo. O novo modelo consiste na empresa que não se satisfaz apenas com a estabilidade, pois isso seria sinal de fraqueza. A estabilidade seria um indicativo de fraqueza, de uma empresa sem postura inovadora, que não conseguiria gerir outra forma de mudança.
Esse novo modelo consiste na terceirização dos serviços, uma vez que para o empresariado ter contratos de curto prazo, possibilitando para o investidor a anulação dos gastos com os direitos trabalhistas dos indivíduos, é mais vantajoso. Treina-se o funcionário para habilidades flexíveis, com uma função de baixa importância, e obtenção de salários básicos. Essa nova estrutura funciona como uma organização flexível, podendo selecionar e desempenhar a qualquer momento algumas de suas possíveis funções. Diferente do modelo de pirâmide que é representada pela corporação ao velho estilo, na qual a produção ocorre através de um conjunto preestabelecido de atos; os elos da cadeia são fixos.
Numa organização flexível, a seqüência de produção pode ser alterada à vontade. É mais uma forma de tarefas específicas do que funções predeterminadas. O desenvolvimento linear é substituído por uma predisposição mental capaz de permitir a livre circulação. A responsabilidade do gerente é delegada de forma fracionada a terceiros. Isso caracteriza a dessedimentação institucional. Confiando certas funções a terceiros em outras firmas ou outros lugares, o gerente pode se livrar de algumas camadas da organização. Os empregados são atraídos ou descartados, à medida que a empresa transita de uma tarefa para outra.
A “casualização” da força de trabalho também se aplica à estrutura interna das empresas, não se pautando apenas aos trabalhos temporários ou subempreiteiros externos. Com contrato de curtíssimo prazo, entre três e seis meses, por exemplo, o empregador pode eximir-se de pagar benefícios, tais como seguro de saúde e pensões. Também se altera os contratos, os adaptando à evolução das atividades dessa empresa, uma vez que os trabalhadores são facilmente transferidos de uma tarefa para outra. Dispensando ou contratando pessoal nessa arquitetura, a empresa pode contrair-se ou expandir-se rapidamente.
Dessa forma, a casualização, a dessedimentação e o seqüenciamento não linear, diminuem o tempo de operação dessas organizações, e as tarefas imediatas e de pequeno porte passam a merecer toda ênfase. Então, essa “nova ética” consiste em trabalhos fracionados, temporários, sem maior delegação de autoridade para o líder, sendo funções flexíveis, com resultado de curto prazo, com elevado valor à forma, alterando o funcionamento do trabalho em conjunto.
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4ª) Segundo Parsons: “O ponto principal de referência para a análise da estrutura de qualquer sistema social é seu padrão de valores. Este define a orientação básica do sistema (no caso presente, a organização) em relação à situação em que opera; portanto, orienta as atividades dos participantes”. Como o autor desenvolve esse argumento para as organizações? Explique.
O padrão de valores é referência para se entender a estrutura de qualquer sistema social, pois nele, segundo Parsons, percebesse uma espécie de ferramenta de operação, na medida em que nos organiza, nos legitima, nos valoriza, nos normatiza, entre outros aspectos, orienta as atividades dos participantes.
As características da organização serão definidas pela espécie de situação em que precisa operar. A forma na qual essa operação se conduzirá, é que define as características que identificarão as organizações. Também devemos levar em consideração que essa “operação” consistirá nas relações prevalecentes entre ela e os outros subsistemas especializados, componentes do sistema maior do qual faz parte, podendo esse ser considerado a sociedade.
Na concepção do autor, uma organização é descrita e analisada sob dois pontos de vista:
1. O ponto de vista “cultural e institucional”, quem emprega os valores do sistema e sua institucionalização em diferentes contextos funcionais.
2. O ponto de vista do “grupo” ou “papel” que considera suborganizações e os papéis de indivíduos que participam do funcionamento da organização como ponto de partida.
Nesse contexto, Parsons diz que o ponto principal de referência para a análise da estrutura de qualquer sistema social é seu padrão de valores. O sistema de valores da organização implica na aceitação básica dos valores mais generalizados da sociedade, a não ser que se trate de uma organização divergente, não integrada nessa sociedade. Então, o sistema de valores baseia-se no nível indispensável da generalidade, que constitui o aspecto mais essencial do sistema de valores de uma organização. Isso é a legitimação avaliável de seu lugar ou “papel” no sistema a que se subordina. O foco do sistema de valores terá de ser o da legitimação de suas metas, e a legitimação da primazia dessa meta sobre outros possíveis interesses e valores da organização e de seus membros.
Dessa forma, o sistema de valores de uma empresa comercial constitui uma versão de “racionalidade econômica”. É legitima tanto a dedicação da organização em relação à produção, como também a manutenção da primazia desta meta sobre outros interesses funcionais, que poderão surgir na organização. Mas a obtenção de lucros não constitui por si mesmo uma função em prol da sociedade, como um sistema. Os valores organizacionais legitimam a meta do sistema. Estabelecem-se regras normativas, que governarão os processos adaptativos da organização. Regras ou princípios a governar a integração da organização, particularmente na definição das obrigações de lealdade dos participantes para com a organização, em comparação com a lealdade que sustentam em outros papéis.
A própria organização deverá dispor de processos institucionalizados, mediante recursos, que objetivam atingir a meta. Portanto, a maneira de obter recursos para se atingir a essa meta, visa um campo principal de institucionalização. Os recursos a ser utilizados por uma organização são os fatores de produção: terra, mão-de-obra, capital e “organização”. Quanto mais completamente desenvolvido o complexo do mercado, menores serão os bens de uma organização retirados do mercado. Um conjunto de obrigações de recursos em base de valor é o aspecto central desta face do complexo da terra. Os dois fatores mais fluidos são a mão-de-obra e capital, no sentido econômico. “A maioria dos serviços pessoais é realizada em papéis ocupacionais ou em funções. Isto significa que são contratados em algum setor do mercado de trabalho” (Talcott Parsons). Isso claramente é o que, contemporaneamente, conhecemos como o setor terceirizado.
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8ª) Conforme Sennett: “Num período de cem anos, da década de 1860 à de 1970, as corporações aprenderam a arte da estabilidade, assegurando a longevidade dos negócios e aumentando o número de empregados”. Como isso foi possível? Explique.
Desde o início do capitalismo a instabilidade é sua única constante. A correria dos investidores, as turbulências do mercado, a repentina ascensão, o colapso e o movimento das fábricas, a migração em massa de trabalhadores em busca de oportunidades. Na formulação do sociólogo Josephe Schumpeter, uma espécie de “destruição criativa”. A disseminação global da produção, dos mercados e das finanças, e do advento de novas tecnologias, formula a economia moderna. Aqueles que promovem a mudança defendem um discurso que não estamos em turbulência, e sim vivendo uma nova página da história.
A projeção de contratos temporários de trabalho, sem auxílios e direitos trabalhistas, caracteriza a nova ordem, na qual visa um quadro de funcionários adaptáveis, flexíveis, dinâmicos e, principalmente, sem consciência critica em argumentar os questionamentos. A não contratação permanente, de longo prazo, com direitos e deveres, como visava a “jaula de ferro”, no sistema burocratizante descrito por Weber, assegura a longa vida de uma empresa, no momento que seus fundos não estão por maior parte comprometido com seu quadro pessoal. Nesse sentido, o dinamismo falseia a característica do trabalho bom e duradouro. Nesse sentido se mostra a arte da estabilidade, no que as empresas não fincam vínculos de longo prazo com seus funcionários, e crescem do dia pra noite.
Há um grande erro na presunção de que as sociedades estáveis estão economicamente estagnadas. Países do norte europeu conseguiram associar relativa estabilidade e crescimento, preservando uma distribuição de riqueza mais igualitária e um padrão de vida mais elevado do que os EUA e Grã-Betanha. Nos princípios do sistema capitalista, a corporação multinacional costumava estar entre-laçadas às políticas do Estado-nação. Na contemporaneidade, na concepção daqueles que defendem a “nova página”, a corporação global dispõe de investidores e acionistas em todo o mundo, ostentando uma estrutura de propriedade muito complexa para atender a interesses nacionais individuais. É clara a afirmação em Sennett que os países estão perdendo seu valor econômico.
Richard Sennett vem dizer que, segundo a tese da página nova, Marx entendeu o capitalismo de forma errada, quando acreditou numa constante destruição criativa. Seus críticos vem com a afirmação que o sistema capitalista, ao contrário que Marx disse, se enrijeceu, ou seja, as corporações tornara-se ainda mais dura. Hoje, esse sistema, segundo Sennett, veio a se romper. O sistema de organização mudou. Aplicou-se ao capitalismo um modelo militar para que a revolução não o atingi-se, mas hoje isso não é mais vigente. Esse modelo - introduzido pelo chanceler alemão Otto von Bismarck no século XIX - começou a ser aplicado nas empresas e sociedade civil, e esclarecia o lugar do funcionário e o delegavam funções definidas. As corporações funcionavam como exércitos. Essa medida foi tomada “em nome” da paz e da prevenção da revolução. Ou seja, garantindo emprego para maior parte da população, a introduzindo no “bolo burocrático”, as pessoas não tinham do que reclamar e, dessa forma, não usarem da revolução.
“Para Weber, todas essas formas de racionalização da vida institucional, procedendo originalmente de uma fonte militar, levariam uma sociedade cujas normas de fraternidade, autoridade e agressão teriam caráter igualmente militar, embora os civis não se dessem conta de que estavam pensando como soldados”. (Sennett)
Weber acreditava que o exercito sustentava um modelo mais lógico de modernidade do que o próprio mercado.
Mas não foi o livre mercado que promoveu essa mudança estabilizadora, mas o papel mais importante foi desempenhado pela maneira como os negócios passaram a ser inteiramente organizados. A tese da página nova de Sennett sustenta que permitiram ser absorvidas por tais “idéias burocratizantes”, que agora se desmancharam no ar. A militarização do tempo social se desintegra, como, por exemplo, o fim do emprego vitalício, as carreiras dedicadas a uma instituição, as incertezas dos programas de curto prazo de previdência governamental etc. Saem as relações, entram as transações. A ética burocrata dar lugar è ética tecnocrata
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