03/11/2006

crônica cotidiana
Aleatoriedade textual

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista

Pontas de cigarro, copo vazio, pensamentos distantes, tristes lembranças. A solidão como compania regava o registro das palavras, anunciava mais um texto, alimentava a velha, necessária e insubstituível vontade de escrever.

Tudo não passava de ilusão momentânea, que nutri os poucos minutos com pobres e valiosas palavras. Valorosa atitude de uma pequena ação, a de passar para o papel a vasta imensidão de um pensar, fazendo brotar o pequeno grande ato de um pesar.

Pensamento iconográfico, retratista da semiótica documental de um passado resgatado. Notícias informais surgem em lembranças jamais esquecidas. Registrava-se o aleatório, dava-se forma ao descompasso, ganhava-se tempo.., para pensar.

A influência vinha do vazio que borbulhava em conteúdo. A dificuldade era a desarticulação que corrompia todas as idéias provenientes do acaso. A simetria das palavras era de princípio natural, pois sua beleza consistia no aleatório. Assim, por final, o texto se fez.

01/11/2006

crônica cotidiana

Fragmento retratado

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista

Onde está o foco?
Onde se encontra o objeto da imagem?
O que se mostra é o que se pensa?
O que se aprende e o que se vê?

Perguntas sem respostas ou imagem sem conteúdo?
Desfoque proposital e resultado de um conceito sociológico?
O que se olha é o que se sabe ou o que escondemos?
Ignoramos o sentido e contextualizamos o cotidiano, ou passamos por desapercebidos e fingimos que não olhamos?

Onde se encontra nossa culpa e de que forma percebemos onde somos culpados?
crônica cotodiana

foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista
Lá ia mais um...


O sol nascia à flora, na intenção de queimar as costas.
Nuvens ao leo, que padeciam no céu.
Lá ia mais um...
Com a silhueta na face e a força no pés...
Circundado pela civilização, comportado em sua locomotiva.
A terra era escassa em piso abundante.
Reflexo de cores brilhava na lente, pois ela seria o fluxo dos coqueiros e postes atras situados.

A terra morria a seco, sem era nem beco.
Pouco sobrou pra ela. Muito se tirou dela.
As britas nasciam diante da luz, que regava um futuro em rodas equilibradas.
Lugar sem fruto e um ser com caminho. Roteirizado pelas pedaladas, que no piso batido, estruturara suas muralhas, onde aos lados moravam e do chão nasciam.

La vinha mais um...
Ninguém sabe da onde, e pra quê saber o por quê.
Prezava-se mais um dia iluminado em meio a ladeira.
Ia lá mais um combatente desse dia novo.

31/10/2006

crônica cotidiana
foto e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista
A técnica de uma arte simples



Talhava-se à mão a composição de um cotidiano dotado de alegria e irreverência. Dava-se forma a um contexto original e bem trabalhado. A arte era simples e composta, rica e casual. As formas contextualizam o dia e retratam a cultura, adjacente a um processo histórico, complacente a técnica da beleza.

Traços básicos compõem a representação cotidiana de uma cidade capital nacional da cultura, capital mundial da alegria, capital universal de um carnaval original e artístico, cultural e popular. O artesanato do povo é a interpretação do seu dia-a-dia. Sua fortaleza é sua inspiração, artística e genuína, simplesmente alegre e composta de vida.

Oh, Linda! Como és linda... uma princesa andarilha dos pensamentos nostálgicos e vanguardistas. Expositora de fé, arte, descontração e originalidade.
A tua beleza é da terra, tua composição histórica, a técnica da tua arte é simples e natural.
És uma rainha.., és Olinda!
crônica abstrata


O maior elemento do tempo


foto e texto por Luiz Bernardo Barreto / Jornalista


Passavam-se os dias, corriam-se as horas. Tudo não passava de mera ilusão que corroía os pensamentos com indagações sem fundamentos. Analisavam-se os caminhos percorridos, dados com coragem e sem pudor. A estrada era longa, os passos se faziam curtos, na tentativa de preservar o tempo que teimava em passar lenta e freneticamente.

Os segundos palpitam os minutos, que em congruência com as horas, especulavam um novo tempo. Ali estava ele, estabelecendo o presente e ditando o futuro, sem rancor ao que se passou, mas com vontade ao que viria a acontecer.
Perguntava-se o por quê do não fundamento do tempo passado, tinha-se o medo e a dúvida da progressividade do mundo como resposta. A resposta baseava-se na ciência da consciência aleatória. Quem saberia responder a pergunta que ainda não foi feita? Qual seria a melhor pergunta para determinada hora?

E em meio à indagações fundamentais e fundamentos ainda não indagados, surgiam os segundos, segundo o qual ninguém se lembraria, pois é passado, calado pelo tempo, esquecido pelas palavras. Uma eternidade congelada a qual o tempo jamais esquecera. Um fundamento passado, indagado no benefício da lembrança e da riqueza do tempo. Um elemento essencial das horas passadas...