22/11/2007

Os Desafios atuais para a construção da democracia

Michel Zaidan dissertou sobre a ‘judicialização da política’, e Délio Mendes defendeu uma reorganização da sociedade civil



Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto
Apoio técnico de Pedro Langsch



No segundo dia do 1º Encontro de Ciências Sociais da UFRPE 2007, terça-feira 07/11, se teve como pano de fundo nos debates, os “Desafios atuais para a construção da democracia”, palestrada pelo professor da UFPE, Michel Zaidan, e o prof. Délio Mendes, da UFRPE. O auditório do segundo andar do CEGOE estava cheio, e com certeza, o resultado foi bastante positivo no que diz respeito ao âmbito reflexivo que se criou no encontro.


Logo no começo do seu diálogo, Michel Zaidan fraseou: “Nós vivemos hoje uma época de desamor e ressentimento pela democracia”. Aquilo anunciava um discurso conciso e maduro. Com muita habilitação, o professor pregou que a democracia tornou-se objeto de desconsideração e desapreço, pois estava em processo de desilusão desde os anos 90 até os dias atuais. Foi justamente nessa época que houve a reforma do Estado, em que o sistema democrático ficou em segundo plano, em função do fundamentalismo fiscal, das políticas de oferta, do pós-fordismo, da inversão de prioridades dos governos, e, sobretudo, da mudança de atitude dos economistas em relação a política. “Fernando Henrique Cardoso se comportou como um verdadeiro representante comercial no Brasil e fora do País. O companheiro Lula também não ficou atrás nessa posição de presidencialismo de relações públicas”, comentou Zaidan, já adentrando no processo político atual.


A sua concepção se estruturava na idéia de que a política vai se tornando irrelevante, principalmente nas tomadas de decisões cruciais que diz respeito à gestão macroeconômica do País. Disserta também que a inversão de paradigmas nos anos 90, contribuíram para deslegitimar o regime democrático, e retirar dele um pouco de sua aura e fascínio que exerceu nos anos 80. Segundo Zaidan, a política pode prometer acabar com as mazelas da sociedade, desde que não interfira na política econômica. “A política tem que ser isolada da economia”, diz o professor. Um outro fator interferente no andamento político, é a “judicialização da política” como um fenômeno mundial, sendo o princípio canônico da separação de poderes. Na visão de Zaidan, isso teria perdido o sentido a partir do momento em que a atividade judiciária muda de função, seguindo de uma mudança paradigmática do próprio Direito.


Em sua visão, o Poder Judiciário passou a ser mais chamado para ‘se dizer’ o que é a lei. “Quanto mais aumenta a juridificação das relações sociais, mais o Judiciário é chamado à definir as leis”, registrou. Nesse entendimento, as decisões políticas do Judiciário vem usurpando muito o papel do Poder Legislativo, que, por sua vez, vem perdendo muito o seu terreno diante da judicialização da política. Em complemento ao seu raciocínio, indagou: O Poder Legislativo é esvaziado da sua competência constitucional de fazer leis. Que democracia é essa sem regime federativo, que está caindo aos pedaços? Que democracia é essa sem políticas regionais e sem descentralização tributária que fortalece os municípios? “Uma democracia de fachada e baixa identidade, pois é uma democracia que dá o voto para minorias governar o País! ”, respondeu a sua própria pergunta.


Sobre o PT, o professor afirma que a experiência política desse partido foi desastrosa no ponto de vista da renovação, porque ao invés de romper com o patrimonialismo e a captação de partidos e bancários do congresso nacional, e promover a reforma política tão esperada, o PT tirou proveito dessas mazelas históricas da política brasileira. Zaidan também chama atenção sobre a base eleitoral do Partido dos Trabalhadores, em que foi invertido do sul e sudeste, passando a ser do norte e nordeste. A explicação da ‘geografia eleitoral’, é que o PT sempre foi fortemente implantado nos grandes colégios eleitorais do Brasil, mas as regiões sul e sudeste foi captada pelo PSDB, PFL e PMDB, e o norte e nordeste ficaram com o PT, o PSB e outros partidos da base aliada do governo. “Essa mudança tem que ser bem estudada, para saber se ela significa um avanço ou um recuo”, disse o professor.


Finalizando seu diálogo, Michel Zaidan falou da conjuntura da economia com a política brasileira, e sobre a posição da imprensa sobre os assuntos políticos. “Agente não pode permitir que a nossa democracia seja uma democracia de mercado financeiro, que contemple interesses econômicos através de outras vias de decisão, e que o Congresso Nacional seja um circo de horrores que a mídia todo dia realça”. O segundo conferencista, o também sociólogo e professor da UFRPE, Délio Mendes, palestrou com o coração aberto e o sentimento à flor da pele. Dentre os assuntos abordados por Délio, via-se uma ênfase em suas frases conselheiras e esclarecedoras, onde dissertava sobre a democracia de uma forma atenuante e acessível. “Nos estamos vivendo uma sociedade sem classe”, disse o professor, que acredita que a mesma é cada vez mais individual. Em sua concepção também se entende que a contradição é cada vez mais fundamental para reger a política.


Délio Mendes também chama atenção sobre os programas de bolsas de renda, que são benefícios que substituíram os direitos. Aponta a política como elevação da sociedade para se construir a democracia, sendo esse um dos focos principais da sua palestra. “Os princípios que defendo é que não haja exploração do homem pelo homem”, registrou o professor, onde defendia ser necessário a reorganização da sociedade civil, para que hoje se lute com todas as forças por uma sociedade mais humana. Délio também lembrou que a nossa esquerda antecede a classe trabalhadora e é fora de lugar. “Nós estamos vivendo encruzilhados.., extremamente difícil”, acrescentou o professor.

Ao final de sua conferencia, Délio Mendes dialogou em forma de conselho e ensinamento: “É muito importante que nós não percamos o fio da história. Nós temos que estar organizados para transformar esse mundo em um lugar melhor, mais humano e mais capaz de fazer com que as pessoas se sintam pertencentes a esse grupo”.

08/11/2007

A CONJUNTURA POLÍTICA ATUAL SOB A ÓTICA DE TÚLIO BARRETO

Sociólogo da Fundaj palestra no primeiro encontro de ciências sociais da UFRPE


Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto
Apoio Técnico de Pedro Langsch


No dia 06/011, terça-feira, deu-se início ao 1* Encontro de Ciências Sociais da UFRPE. Com o tema“As Ciências Sociais no Cotidiano”, a Pro-reitora Prof. Maria José abriu a palestra, , enfatizando que há duas semanas atrás, foi convidada pela editora Abril para receber um prêmio em São Paulo, onde o curso de sociologia da Rural foi bem conceituado, e que, futuramente, o certificado de “estrelamento” será passado aos alunos do curso.

A coordenadora do curso de sociologia, Selma Rodrigues de Oliveira, registrou que a Prof. Maria José foi imprescindível na restauração da dignidade do curso, uma vez que conseguido aprovar a nova matriz curricular. Disse também, que o curso é uma luta de um corpo docente que já se aposentou, dos fundadores da área de sociologia. “Éramos seis professores que enfrentamos no início, o ensino de sociologia só para as ciências agrária, e dez anos decorridos, conseguimos criar um curso de Ciências Sociais, passando pelo estudo de Moral e Cívica.

O primeiro palestrante foi o Prof. Da Universidade Rural, João Moraes, que deixou bem claro que a contribuição maior seria do outro palestrante, Túlio Barreto. João procurou ser breve em seu discurso lido, onde falou sobre participação, cidadania e esperança, assuntos esses que publicou em forma de artigo há pouco tempo atrás na imprensa local. Em seu discurso enfatizou que a honestidade e a ética são para ser exercidas e refletidas nos atos e ações, pois são essências de obrigação na vida privada e pública. Afirmou que as fases de discursos contrários da política, levam à uma despolitização da esfera pública, porém esta existirá sempre, independente da vontade dos participantes.

Em suma, seu artigo pregava que quem não participa da política, estar renunciando a cidadania, que seria o direito de ter direitos, e de construir novos direitos. “Os esperançosos são sempre participantes, discutindo as dificuldades enfrentadas pela comunidade. A participação estimula e desenvolve a solidariedade”, disse o professor João Moraes.
Ao final de sua palestra, o vice-reitor da UFRPE, Reginaldo Barros, falou rapidamente, enfatizando que a obrigação da universidade é transmitir conhecimento e, acima de tudo, formar pessoas que pensem com dedicação e compromisso, razão e coração.

O último conferencista, Túlio Barreto, da FUNDAJ, deixou claro que sua principal idéia era “bater um papo” sobre política e sua conjuntura atual, uma vez que o presente é o resultado em larga escala do passado. Entre os autores citados em sua palestra, abordou-se trabalhos de Robert Michels (A sociologia dos partidos políticos – 1911), na tese da lei de ferro das oligarquias. Citou também as transições democráticas, e o brasileiro Francisco de Oliveira, que defende que a política vive momentos de irrelevância.

Túlio Barreto começou seu diálogo falando da frustração da política advinda do primeiro governo do PT. Também, de uma forma mais global, vinda da “crise dos paradigmas” que vem depois da queda do muro de Berlim e a implosão da URSS. No âmbito político nacional, Túlio registrou que o PT se constituiu como uma novidade, sendo a principal expressão político-partidária do momento da ditadura. Lembrou também que a igreja católica teve importância na constituição do partido. “Esse não é um partido qualquer. Ele não surgiu apenas de forma cartorial, como o PMDB, PDF, PP, PSDB e outros. Os trotskistas estavam na concepção do PT, onde depois fizeram nascer o PSTU ”, lembrou o professor.

No início dos anos 90 ocorreu a expulsão de segmentos do PT, que depois iriam dar origem ao PSTU. O projeto que começou ser definido no início dessa década, em 1994, 98 e 2002 é onde o PT faz “A carta aos brasileiros”, onde o partido estabelece um programa mínimo de governo, com aliança com PL e negociações com o FMI, onde Chico de Oliveira, um dos fundadores do PT, se afastou do partido. Esse projeto se afastou dos ideais do partido, num processo de “aburguesamento” dos partidos. Os sindicalistas vão deixando de ser sindicalistas no momento que tomam conta de cargos no poder executivo, e ficam a frente dos fundos de pensão. Sindicalistas estes que são fundadores do próprio PT. Quando Lula anuncia que não vai mais disputar eleição para perder, é um claro aviso, segundo Túlio, que ou o PT entra na regra do jogo da política nacional, ou ele não vai arriscar mais uma eleição pra perder. No entendimento do palestrante, o PT entrou e apostou nessas regras.
No Brasil aconteceu que houve aproximação dos reformadores do regime com os moderadores da oposição, que fizeram a transição política, onde o poder seria passado aos civis, sem mexer no status dos militares e dos políticos que apoiaram o regime militar. No final da palestra, Túlio Barreto respondeu perguntas de temas variados, feitas por alunos, que abordaram o governo de Hugo Chaves, a revolução russa, o bolsa família etc.

14/10/2007

A arqueologia e a cultura rupestre do agreste pernambucano

Uma abordagem dos sítios arqueológicos de Alagoinha e Venturosa como dissertação de Mestrado

Fotos e Texto por Luiz Bernardo Barreto



Há algum tempo atrás fui convidado pelo geógrafo André Luiz Proença para registrar em vídeo e fotografia sua pesquisa de campo, em que desenvolve uma dissertação de Mestrado pela UFPE cujo tema é “As paisagens do agreste Pernambucano, associadas ao Patrimônio Arqueológico Pré-colonial, nos municípios de Alagoinha e Venturosa, e os processos de ocupação e escolhas culturais na região estudada”.



Seu campo de pesquisa está na área de Alagoinha, município que fica a 226 km do Recife, com cerca de 13.700 habitantes, e Venturosa a 249 km da capital pernambucana, com pouco mais de 15.000 habitantes, agreste do Estado. André Proença, 26 anos, é natural de Cachoeira do Sul/ RS. Formado em geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, seu mestrado em Arqueologia pela UFPE, tem como linha de pesquisa a Arqueologia Patrimonial e da Paisagem.


Entre os dias 15 e 18 de setembro visitamos e documentamos alguns sítios arqueológicos, onde encontramos várias pinturas rupestres e pedaços de cerâmica e ossos, que são resquícios de uma civilização indígena bastante antiga. Eu, logicamente, também não podia deixar de textualizar essa experiência. Então, aí vai algumas palavras do autor dessa pesquisa científica.

1. Como se desenvolveu a idéia desse trabalho?


A partir do Projeto “Educação Patrimonial em Alagoinha/PE – melhoria na qualidade de vida da população”, foi possível identificar alguns sítios arqueológicos não registrados que somando a outros cadastrados na região, proporcionaram o estudo dos processos de ocupação dos grupos pré-coloniais na paisagem.


2. Há quanto tempo e de que forma você vem desenvolvendo essa pesquisa?

Essa pesquisa vem sendo desenvolvida desde junho de 2006, composta inicialmente pela pesquisa bibliográfica, por questionamentos sobre o tema, por formulação de hipóteses, e pela organização do trabalho de campo.

3. Quais são os objetivos da pesquisa?

Interpretar a ocupação pré-colonial através da visitação dos sítios arqueológicos e construção de mapas temáticos na área de estudo.

4. Qual é a metodologia utilizada na pesquisa?


A metodologia segue a linha de pesquisa da Arqueologia Patrimonial e Arqueologia da Paisagem.

5. Você já pesquisou algo do gênero antes? Comente.

Tive a oportunidade de participar de um trabalho relacionado com a Arqueologia Patrimonial na região das Missões Jesuítico-Guarani, no noroeste do Rio Grande do Sul, durante trabalhos de re-consolidação das ruínas da Igreja da Missão de São Lourenço Mártir.


6. Que trabalhos, realizados anteriormente influenciaram a sua pesquisa?

Os trabalhos de intervenção arqueológica, escavações, nos sítios Peri-Peri, Pedra do Letreiro e Cemitério do Caboclo, realizados pelo Núcleo de Estudos Arqueológicos (NEA) nas décadas de 1980 e 1990 e as dissertações de mestrado de Alice Aguiar (1986) e José Luft (1994) desenvolvidas no Programa de Pós-graduação em História da UFPE.


7. Esta pesquisa visa identificar e caracterizar os sítios-arqueológicos na região de Venturosa e Alagoinha, municípios do agreste pernambucano. O que caracteriza um sítio arqueológico?

Um sítio arqueológico se caracteriza pelos vestígios arqueológicos que apresenta. Tendo em vista o conjunto de atividades dos grupos que ocuparam estas paisagens durante milênios (assentamento, área de influência e captação de recursos), fica difícil de estabelecer onde começam e acabam os sítios na paisagem.

8. Quantos são os sítios identificados? Quais destes foram pesquisados nessa primeira viagem?

Dos quinze sítios arqueológicos existentes na área de estudo, até agora foram visitados: Pedra Furada; Toca dos Marimbondos; Pedra do Pote; Pedra do Sítio do Donato; Do Barbado; Toca da Bica; Pedra da Buquinha; Pedra do Letreiro (Tubarão); Pedra Pintada.

9. Quando este trabalho será finalizado?

A defesa deste trabalho ocorrerá por volta de março de 2008.

10. O que você poderia falar sobre a população da região pesquisada?

A população na área de estudo se constitui basicamente de famílias de agricultores e criadores rurais. Ela é um dos principais elementos influentes na paisagem, podendo modificá-la seja orientada na preservação ou destruição da mesma. (fim)

Em um lugar inimaginável para muitos da cidade, na terra seca e quase sem vida, nasce uma luz que rega todo um paraíso, brota uma beleza inédita e imortal. O agreste mostra-se lindo e impecável. O sinônimo do seu povo é acolhimento, felicidade e educação. Já o sinônimo da sua paisagem é indescritível. Num lugar como esse, apenas nos calamos e refletimos, quando não nos excitamos com tanta magia.


Essa foi apenas a primeira parte da viagem, pois a segunda será realizada em novembro desse ano, onde se pesquisará os sítios-arqueológicos restantes.

Mais fotos e as referências dessas podem ser encontrada na página:

http://www.flickr.com/photos/luizoolinda/

28/09/2007

Forma informativa

Texto e foto por Luiz Bernardo Barreto



O que é informação para você?

Conhecimento ou ilusão...
Educação ou entretenimento...
Nada disso?

Vista sua visão!

For-ma-ta-ção
In..formatização
Dado

Dado o fato, pode-se dizer que...
só pode se dizer o que se sabe...
pois saibam que é preciso se informar para saber...
e é necessário que se saiba para informar

Formalização!

... e você como se informa, por opinião ou dissertação?

As-si-mi-la-ção
Simulação

Verdade simulada
Informação causal

14/09/2007

“Antropofagia latente”

Texto e foto(tratada) por Luiz Bernardo Barreto



Dessacralize a sua aura
Propague o seu pecado
Erre o alvo da moralidade

Seja sujo...
Seja honesto

Reproduza o seu demônio
Desvanglorei o seu Deus
Tenha fé, seja racional

Antropofagia nascente...
Antropofagia latente

Publique a sua miséria
Cague em meros conceitos

Seja sujo...
Seja honesto

Roube a burguesia
Simbolize o seu ato
Satirize a realidade
Enterre o épico
Politize a revolta
Mate a ideologia e a ignorância

Seja sujo...
Seja honesto

Canibalismo dissimulado, oculto...
Antropofagia latente

Afinal de contas.., há preceito ético na “etiqueta” do jornalismo?

Texto(2003), Fotos(22/09/06 Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco)
por Luiz Bernardo Barreto


A coreografia da fineza suplanta a selvageria do mundo, pois a “verdade” dará o ar de sua graça. O jornalismo, hoje, nada mais quer do que triunfar pela elegância, passando pela arte, baseando-se na ilustração e documentação. Fazendo isso, ele terá garantido o seu lugar na “casa” da honra e da nobreza.

... e a ética se transformou na etiqueta que constrói as cerimonias do espetáculo informativo. Afinal de contas, as relações de poder tem que ser ritualizadas e representadas pela “ética etiquetada”. E não menos diferente, a autoridade posta (e imposta) celebra as festividades da “etiqueta étnica”. Então, supõe-se que a etiqueta nada mais é do que o gozo de uma hierarquia aristocrática, pois bem se sabe que essa “ordem” nasceu para ser eterna e imutável. A imprensa nasceu das revoluções que maquiaram a democracia moderna.

Democracia.., há “democracia”. Afinal de contas, muitos princípios do jornalismo nasceram das idéias iluministas da revolução francesa. Revolução essa que também abrange “alguns” princípios do capitalismo.

He.., deve tá quase explicado porque é assim o novo jornalismo. Afinal de contas, o capitalismo vive uma “ética etiquetada”, de contratos, favores e deveres. O jornalismo é conflito. E se não há conflito no jornalismo, alguma coisa está errada. Os meios de comunicação se estruturam como o novo “palácio” da aristocracia (agora burguesia), por isso, será que eles querem preservar os direitos do cidadão? É demagogia...

Concluímos, então, que o jornalismo que não volta-se à ética etiquetada do capitalismo, deve ser uma instituição da cidadania, sendo uma vitória da verdadeira ética, buscando o bem comum para todos e procurando a emancipação que pretende construir o estado da igualdade. Só assim converteremos a etiqueta em uma pureza ética, e moldaremos a ética sem qualquer etiqueta. Mas essa é uma visão utópica, e a realidade condiz com o conflito, pois esse traz o equilíbrio.

Quem tem ética não precisa de etiqueta... e, na imprensa, quem vive de etiqueta não tem ética...

12/09/2007

“Discurso estruturalista da imagem”

Texto e fotos por Luiz Bernardo Barreto



O meu sema é singular ou plural
Meu texto trajetórico-gerativo
Minha significação conceito-chave
Minha relação diferenciada e opositora



O meu modelo gerativo é semi-narrativo, discursivo e textual.., ou seja, composto por língua, tempo e espaço, expressão e imagem
Minha semântica é contraditória ou “contrariável”
Meu objeto significante é gerativo ou genético
Meu processo narrativo é conjunto ou disjunto

A minha enunciação é pressuposta por todo um enunciatário
A minha semiótica é discursiva

Baseado na semiótica estruturalista, de Algirdes Greimas e Jean-Marie Floch

19/06/2007

Tem boi superfaturado no Senado!

É fogo na bomba!

Depois de alguns dias batendo na porta de alguns companheiros, agora o senador Renan Calheiros espera a “boiada” passar. A oposição faz de tudo para que esse “churrasco” todo acabe logo no conselho de ética, resultando na renúncia de Renan, o Boiadero.

Agora, a suspeita é que Renan, o fazendeiro, utilizou recursos da Mendes Junior (construtora) para pagar pensão alimentícia à Mônica Veloso, com quem teve uma filha. Pelo menos agente sabe que ele roubou o chifre do boi e pôs na esposa...

Renan se defende alegando que tais gastos são provenientes da venda de gado. Mas parece que a carne ta ficando podre pro lado dele. A polícia Federal trabalha em um laudo pericial dos documentos apresentados pelo senador, onde configurou-se superfaturamento. Pelo jeito, o açougue que o Senador pretendia abrir no Senado, vai fechar...

Mesmo com o perigo de perder o mandato, ele não renuncia e faz de tudo para conseguir maioria entre os 15 membros do conselho de ética, numa tentativa de arquivamento...

Será que tanto boi cabe numa gaveta?

Seu argumento maior é que a verdade é uma só, e irá aparecer.
Ha, se boi soubesse falar...

14/06/2007

Relaxem e gozem, senhores passageiros...

É FOGO NA BOMBA!

Ai, ai, ai... que mancada, em Martinha.., ou melhor, que gozada! Tá cheia de tesão, voando pelos ares aero-portuários, e deixa isso bem claro em rede mundial. É muita vontade de gozar!

Senhores passageiros, deixem o stress de lado, acariciem seus companheiros e companheiras nas respctivas salas de embraque, esperem pra caralho, e relaxem e gozem.., gozem muiiito gostoso, porque a putaria no ministério do turismo atingiu o setor da aviação civil...

A Martinha deve tá tooooda molhadinha....

(em homenagem a sua declaração sobre a demora dos vôos em 13/06/07)

22/05/2007

Foto e Texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista


A sociedade não contada

A mãe-mídia educadora de frutos indigestos e políticas segmentadas, feita por elites e composta por fantoches


Politicagem elitista aparecia nas brechas da maquiagem conformista. Assim se denunciava. Todos pareciam meros fantoches que dançavam de acordo com uma sintonia desafinada moralmente, e desarticulada politicamente. A desordem era a medida provisória momentânea. A dança aguçava o ritmo da frenética roubalheira do caráter. A música estava no ar, ou melhor, nos ouvidos, encantando e persuadindo os desprovidos de informação. A falta da tal era uma benção. Divindade que proporcionava um presente de grego para os faltosos de conhecimento. Era a interatividade do espetáculo acompanhada do vazio no conteúdo. A empatia relacionava-se ao medíocre, ao banal, ao brilhante que nada iluminava. A interatividade se resumia ao repetitivo, a negação a reflexão, ao apego ao fácil.

A falta da dificuldade reflexiva era uma “mãe”, que criava seus filhos com mimo e sem restrições. Ignorância plantada no medo do perder! Suas crias cresciam cegas, apenas enxergando seu mundo interior. Obscuro compenetrado que revela o orgulho e a inveja. A vaidade brilha nos olhos de uma criança com referido perfil. Sua moeda é o interesse. Seu compromisso é a falta de hombridade e dignidade. A venda da alma é praxe quando a situação pesar contra. Sua criação o ajudou e o incentivou a se vender! Irá morrer enterrado com tudo que plantou. Sua colheita o negará. Seus frutos o entalará, tapando o canal de oxigênio que alimentava toda ingenuidade. Será o suicídio de uma cria sem amor, nem para dar, nem para receber. Filho de mais uma “parideira” da “sociedade da falta de informação”.

Uma sociedade funcional, sem importância. Seu valor se encontra no espetáculo consumido, sem pudor, sem razão, com vontade. As principais formas de entretenimento desvalorizam o próprio eu e exalta o repugnante, o feio, o baixo, o comum. Não há incentivo ao pensar. A única reflexão é a imagem do telespectador diante do espelho da ilusão, que detêm canais, antenas e botões. Funcionalismo descarado, informando a desinformação, ensinando cada vez mais o que tem dentro do que se reflete nesse espelho; banalidades. A concentração do “poder da imagem” era cada vez mais concentrada, articulada, corrompida. Poucas famílias decidiam a “programação do saber”. E se sabia cada vez menos.

O que se sabe, comprovadamente, é que muitas dessas famílias se alimentam e se introduzem nessa política de elites, padronizando o espelho da reflexão, que é a televisão, e programando o produto do consumo, que é o telespectador. Viva o entretenimento que anima e emburrece! Viva a falta do esforço ao pensar, que sempre nos ensina que o fácil nada ensina, apenas nos desencoraja! As marcas do desgosto aparecem cada vez mais em cada geração. A seqüela é involuntária. Os livros ainda são nossos heróis. Os poetas ainda nos traz sentido. E é isso que fortalece! Que se faz ser vivo, ser humano, rebuscando a racionalidade e o bom gosto pelo saber. Ferramenta fundamental para quem não quer virar um mero fantoche. Assim o modismo vendido e industrializado jamais reinará. A alternatividade trará as boas escolhas, sem censura e com liberdade. E assim poderemos enxergar o que há por trás do mundo obscuro, que revela o que pouco traz. Dessa forma contaremos o que não se comenta em uma sociedade não contada.
Fotos e Texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista

O “contrato social” assinalado pela história
A interação da relação entre pobres e ricos, em um conceito social, econômico, opinativo e muito “viajado”...

Diferentes camadas, algumas castas, nivelados status. A sociedade mostra-se multiétnica, cheia de ideologias e variadas crenças. O resultado? Um contrato assinado por trabalho, obediência e necessidade.

A batalha é diária, o acordo eterno. Cada “soldado” em seu posto, fazendo com que altos postos sejam mantidos. Assim é a lei desse contrato “sociológico”. A classe “baixa” é representada pela falta da informação, criminalidade sensacional na mídia, trabalho secundário e grande espaço nas editorias policiais. Já os grupos “classistas” se apresentam com interpretações jurídicas, posse política e midiática, e grande paternalismo e patrimonialismo. Uma linguagem elitista.

Nesse contrato o que há é escambo, uma verdadeira troca entre o trabalho duro e quase sem valor financeiro, estruturando conhecimento e adestramento da tecnologia de ponta com estrutura duradoura. Aí, já uma outra classe. Sempre se renovando e inovando.

A moeda, como toda moeda, tem dois lados: a mão de obra sem qualificação, quase sempre barata; e a feitura de produtos largamente consumidos. Seja ele intelectual ou material. Ambos em contrapartida e em interação. Um necessita do outro, em forma de convivência, conivência, conveniência e conseqüência. É a lei do contrato. Feita de forma cabal e estruturada.

O Brasil é um país que já assina essa espécie de contrato desde a época da colonização, pois servia como território extrator do pau-brasil, e comprava seus artigos vindos da Europa, como cadeira, mesa, armários etc. Essa prática ainda é visível nos dias de hoje, com variados produtos que necessitam de matéria prima aqui achada em abundância. Perderia até a graça, e o tempo, se fosse citados tais itens, quando pode-se ir direto a um assunto de extrema importância e conhecido.

Refiro-me a pesquisas de âmbito acadêmico aqui desenvolvidas, mas nem sempre patenteada, produzida e comercializada em outros países. Essa é uma matéria prima que esse nosso sistema “político-educacional” concede por migalhas, e compra com os olhos da cara, assim ficando cego e secundário.

Tal posição categoriza esse país eternamente como emergente, o que na ótica dos países desenvolvidos e de primeiro mundo, simplifica-se a pobre. É certo que já deram o “status” de país desenvolvido ao Brasil.., jogada de marketing para sentir-se valorizado.

Um outro exemplo muito esclarecido de contrato e conivência, é o que existe entre polícia e banditismo, o tráfico especificamente, onde a propina dita a convivência. Por tempo incerto, com certeza.

Mas o contrato está assinalado... escrito com a caneta da burocracia e a tinta da destreza. Os lugares já foram estabelecidos, nivelando cada um a seu posto. O pobre e o rico produz, consome, trabalha e se diverte. Um em favela e o outro em condomínios e cidadelas.
Assinam contratos todos os dias, na medida em que um necessita do outro, seja na oferta e arrendamento de um subemprego, porém de grande valia para o empregador, seja no trocado ganho na esquina de uma avenida movimentada. O contrato é social!



05/02/2007

Foto e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista


“Mandingas” informativas, comunicativas, e além de tudo, reconhecidas...

A hora que a neutralidade se assume como mito


Lá estava.., propondo preposições sustentáveis e confirmadas, que condiziam com uma certa observação sistemática.

Então.., depois de um certo tempo, um teorema foi indagado. cogitou-se uma hipótese válida, concretizada em deduções.
Desde aí, floresceu um sistema indutivo.., cheio de hipóteses sustentáveis, que se faziam conjunto de fatos, baseado em dados, pesquisados e confirmados.

Mas a humildade do conhecimento reinou, fazendo reconhecer que tudo isso nasce de um sistema dedutivo, cheio de hipóteses válidas, porém conjeturadas de idéias e intenções pressupostas.

Coube, então, apenas refletir sobre o partidarismo, a análise e as intenções de algumas reportagens veiculadas, pois essas também tem suas "mandingas” informativas e comunicativas de expressar análise e opinião.

Seja no estilo do texto, no semblante do repórter, no casamento de imagem e áudio, na edição de uma sonora, na escolha da fonte ou na pauta escolhida, a neutralidade é mito no jornalismo, e isso deve ser claramente reconhecido, da mesma forma que a idéia de fazer uma pesquisa também pode provir de induções dedutivas.

Aí a intenção se revela...

14/01/2007

Maragogi: reduto de belezas naturais, boa comida e sossego prolongado

Fotos e texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista









Muitos textos já foram feitos para expressar a discreta receptividade popular, e a poética paisagem que tem um dos municípios mais cheios de beleza do território alagoano. Com luz refletida no mar, e um clima quente e sempre agradável, brilha um litoral com beleza natural e sorriso de um povo acolhedor .., nasce Maragogi, com piscinas naturais de intensa vida marinha, e um sol dotado de luz e energia, onde os "deuses" encontram seu sossego.

O município, um dos últimos à norte de Alagoas e em plena Costa dos Corais, fica a cerca de 130 Km de Maceió e do Recife. Seus limites a leste é com o Oceano atlântico, a oeste Porto Calvo e Jacuípe, ao sul Japaratinga, e, ao norte, o município pernambucano de São José da Coroa Grande.

O nome da cidade deriva da língua tupi seiscentista que era falada pelos índios Pitiguares que viviam no litoral norte do que hoje é território alagoano. Por volta do século XVI apareceu a palavra “mariguis”, e um século depois os holandeses grafavam “mariguiji”. Também existe a forma seiscentista “maraguí”, que vem do tupi “moerú- guí- í”, que significa “rio dos mosquitos” ou dos maruins. No começo, Maragogi era um povoado chamado Gamela, que, em 1887, foi elevado à categoria de Vila, passando a se chamar Isabel, em homenagem à princesa que libertou os negros da escravidão. Em 1892 recebe o seu nome atual.

A cidade já foi palco de revoltas na época do império. Movimento restaurador armado, a guerra dos Cabanos (maio e junho de 1832) liderada por Antônio Timóteo de Andrade e o Almirante Tamandaré, visava a libertação dos escravos e o boicote aos engenhos de cana-de-açúcar. Os primeiros arraiais guerrilheiros foram construídos nas matas de Imbiras, Barra de Piabas e Piabas. Os cabanos, numa manobra de guerrilha, tentaram tomar o povoado de Barra Grande, mas a idéia não deu certo, pois perderam a batalha para as tropas acampadas ali. Dessa forma, recuaram em meio a forte tiroteio até o povoado de Gamela (hoje, Maragogi), e lá foram a São Bento, onde cabanos feridos se curavam dos ferimentos à bala. Daí ocorreu uma matança nessa cidade. A guerra só terminou em Janeiro de 1850, quando Vicente de Paula, o último líder, é preso nas matas do Mato Frio pelas tropas provinciais, sendo enviado ao presídio da Ilha de Fernando de Noronha. Morreu no engenho Marvano, em Jacuipe.


Maragogi abriga um povo nativo, onde a maioria sobrevive da pesca, turismo e agricultura, encontrando nessas ocupações sua base econômica e seu cotidiano. É composta por cerca de 25 mil habitantes, tem clima tropical quente úmido, e tem temperatura média de 27 graus. São 335,0 Km2 de território.

Sua culinária é tipicamente litorânea e nordestina, evidenciando os frutos do mar e o tempero da terra. Sua maior marca geográfica são as galés (piscinas naturais), que ficam entre vinte e vinte e cinco minutos de mar a dentro, com arrecifes visíveis onde a fauna marinha e tão real que os peixes são alimentados em sua própria mão.

O povo é humilde e simples, educado e receptivo. Alegria estampada, “trabalho” no rosto, vontade na alma. Esperança de uma boa pescaria, de um artesanato bem feito ser vendido, de um dia produtivo e prazerosos. Assim é sua gente, de andada como os caranguejos de seu mangue, com lama e sabor.

A especulação imobiliária na cidade já é presente. Diversos hotéis, pousadas, loteamentos, condomínios etc, dividem espaço com casas de barro e palha, estruturadas na beira da BR. Alguns sem-terra já habitam essa estrada. Maragogi se faz uma cidade conubarda com outros municípios alagoanos e de Pernambuco, na medida que existe transporte e passageiros para tais lugares todos os dias e horas.

O nascer do dia nesse território é magnânimo, em que por certas vezes é acompanhado pelos pescadores puxando suas redes fartas e pesadas. Frutas maduraa são vendidas em seu mercado público, com também peixes, ovos e carnes expostas. A vida é pacata, mas a temperatura é alta, fazendo calor durante todo o dia nessa época.

A boa pedida é uma lagosta, um sururu, camarão ou um peixe bem feito. No final da tarde uma macaxeira gratinada. E se o dia estiver muito quente, uma gelada na areia é uma boa idéia. Bom é caminhar em seu litoral de manhã cedinho, com o dia acordando e pedindo passagem.., dá um mergulho na lagoa dos Paus e um rolé de bugre.




Maragogi é reduto natural, onde ainda há “cabanos” nas estradada e a beleza sempre voga com o calor do sol. Sem dúvida alguma, um ótimo lugar para se passar desde um simples final de semana, às férias prolongadas. Quem quer sossego, paz, beleza natural, boa comida e mais sossego, essa terra é o lugar ideal. Essa é a terra dos coqueirais.





Galés (piscinas naturais a 20 Min. da costa)

Lagoa dos Paus (encontro do rio com o mar)

















































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