22/05/2007

Foto e Texto por Luiz Bernardo Barreto - Jornalista


A sociedade não contada

A mãe-mídia educadora de frutos indigestos e políticas segmentadas, feita por elites e composta por fantoches


Politicagem elitista aparecia nas brechas da maquiagem conformista. Assim se denunciava. Todos pareciam meros fantoches que dançavam de acordo com uma sintonia desafinada moralmente, e desarticulada politicamente. A desordem era a medida provisória momentânea. A dança aguçava o ritmo da frenética roubalheira do caráter. A música estava no ar, ou melhor, nos ouvidos, encantando e persuadindo os desprovidos de informação. A falta da tal era uma benção. Divindade que proporcionava um presente de grego para os faltosos de conhecimento. Era a interatividade do espetáculo acompanhada do vazio no conteúdo. A empatia relacionava-se ao medíocre, ao banal, ao brilhante que nada iluminava. A interatividade se resumia ao repetitivo, a negação a reflexão, ao apego ao fácil.

A falta da dificuldade reflexiva era uma “mãe”, que criava seus filhos com mimo e sem restrições. Ignorância plantada no medo do perder! Suas crias cresciam cegas, apenas enxergando seu mundo interior. Obscuro compenetrado que revela o orgulho e a inveja. A vaidade brilha nos olhos de uma criança com referido perfil. Sua moeda é o interesse. Seu compromisso é a falta de hombridade e dignidade. A venda da alma é praxe quando a situação pesar contra. Sua criação o ajudou e o incentivou a se vender! Irá morrer enterrado com tudo que plantou. Sua colheita o negará. Seus frutos o entalará, tapando o canal de oxigênio que alimentava toda ingenuidade. Será o suicídio de uma cria sem amor, nem para dar, nem para receber. Filho de mais uma “parideira” da “sociedade da falta de informação”.

Uma sociedade funcional, sem importância. Seu valor se encontra no espetáculo consumido, sem pudor, sem razão, com vontade. As principais formas de entretenimento desvalorizam o próprio eu e exalta o repugnante, o feio, o baixo, o comum. Não há incentivo ao pensar. A única reflexão é a imagem do telespectador diante do espelho da ilusão, que detêm canais, antenas e botões. Funcionalismo descarado, informando a desinformação, ensinando cada vez mais o que tem dentro do que se reflete nesse espelho; banalidades. A concentração do “poder da imagem” era cada vez mais concentrada, articulada, corrompida. Poucas famílias decidiam a “programação do saber”. E se sabia cada vez menos.

O que se sabe, comprovadamente, é que muitas dessas famílias se alimentam e se introduzem nessa política de elites, padronizando o espelho da reflexão, que é a televisão, e programando o produto do consumo, que é o telespectador. Viva o entretenimento que anima e emburrece! Viva a falta do esforço ao pensar, que sempre nos ensina que o fácil nada ensina, apenas nos desencoraja! As marcas do desgosto aparecem cada vez mais em cada geração. A seqüela é involuntária. Os livros ainda são nossos heróis. Os poetas ainda nos traz sentido. E é isso que fortalece! Que se faz ser vivo, ser humano, rebuscando a racionalidade e o bom gosto pelo saber. Ferramenta fundamental para quem não quer virar um mero fantoche. Assim o modismo vendido e industrializado jamais reinará. A alternatividade trará as boas escolhas, sem censura e com liberdade. E assim poderemos enxergar o que há por trás do mundo obscuro, que revela o que pouco traz. Dessa forma contaremos o que não se comenta em uma sociedade não contada.

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