Texto por Luiz Bernardo Barreto
Aqui estamos! Aqui vamos nós... Todos nós! O mundo mudou, a história mudou, mas continua do mesmo jeito... Imposição, catequização, condicionamento, e um mundo de concreto. Perspectiva prevista, estruturada pela concepção capitalista que corrói e inflama, escraviza e escraviza. Criaram “abutres” com fome de riqueza, homens desalmados que destroem tudo que é natural, por conta de um ideal, o lucro.
Essa classe, que tenta comprar tudo no campo da matéria, visa nos deixar inconscientes, vulneráveis, se tornando preza fácil, numa ideologia de massa composta por propaganda, comercio, venda. Essa é a perspectiva capitalista, que por si só está se auto destruindo. Se por um lado não tem mais pra por onde está sobrando, por outro está faltando o mínimo que se necessita! E pra trazer o que se necessita, precisa-se de uma nova perspectiva, uma nova concepção.
Paralelamente a todo esse ideário capitalista, se desenvolveu, numa “menor” escala, e de forma “menos” acelerada, a concepção de igualdade, de união, de sociabilidade... E isso não é utopia! Se deu certo ou não como forma de governo, é uma questão estrutural, histórica e de imposição. A perspectiva do Socialismo no século XXI, ainda que atrelada a qualquer forma de poder, tem compromissos, ou ao menos devia tê-los. Dentre eles, esta no cerne e origem da própria palavra, a sociabilidade, a comunhão. E são essas as características básicas para um sistema dar certo.
Logicamente seria até piegas tratar o assunto como um problema de ordem sentimental, negando e fechando os olhos para sua perspectiva nos campos político, econômico e histórico. Mas aqui se defende que existe a percepção que algo deve ser mudado, e esse algo começa dentro do ser humano, e daí se espalha para toda uma comunidade e/ou sociedade.
A teoria e prática socialista não são perfeitas. Também criou suas mazelas sociais, seus problemas estruturais (por vezes, de razão política), também tentou colonizar e catequizar em forma de comunismo. Se deu errado ou certo foge da ossada do autor do texto a se reportar sobre. Porém, ainda crer-se que esse sistema ai vigente não deu certo para sociedade, pois a reduziu em qualidade e acessibilidade à “dignidade” de bem viver, drasticamente.
Dentre as novas perspectivas do Socialismo no século XXI, queria chamar atenção a uma em especial, a descentralização do saber. Ou seja, a maior acessibilidade à prática, produção e utilização do conhecimento. A organização do povo continua sendo a chave, o elo para a construção dessa perspectiva, que não só se instala no campo das necessidades, mas, também, se encaixa no campo das prioridades.
Essa mudança depende veemente, da auto-organização popular, social e política. Hoje, vivenciamos uma crise nas expressões políticas, arraigadas nos partidos políticos e correntes partidárias, relacionada às suas convicções, ideais e princípios. Está ai mais uma questão a ser pensada na reformulação de uma nova perspectiva de cunho, antes de tudo, social, uma perspectiva de cunho socialista.
A fusão do pensamento marxiano, deve ser moldada nas particularidades e características do povo latino-americano para uma possível promoção do socialismo no novo século. Movimentos sociais, como o indígena e o camponês, servem de espelho para refletir o “padrão” das lutas sociais regionais a serem tomadas. Se esses movimentos encontrarem seu ponto de convergências com os movimentos urbanos de princípio socialista, o socialismo estará estruturando uma nova estratégia de “combate” ao capitalismo.
Nós, América Latina, passamos por um período revolucionário nas décadas de 20 e 30, que, daí vivenciamos um “stalinismo burocrático” e reformismo, esse já não mais revolucionário. Então veio a revolução cubana implementando uma nova época para o sistema socialista, com surgimento de movimentos de luta, que, segundo o sociólogo Michael Löwy, termina com a derrota dos sandinistas em 90.
Então, qual seria a nova perspectiva socialista do século XXI? A perspectiva se dá na mudança, que passa pela capacidade de organização dos setores populares. O papel dos partidos políticos deve ter expressão em movimentos populares, sem manipulações eleitorais. A mudança tem que ser comandada de “baixo”, estruturadas por organizações sociais e correntes políticas com capacidade de mobilização social e organização política.
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